WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Bens Reversíveis --> Índice de artigos e notícias --> 2016
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Estadão
[21/12/16]
Nova lei pode dar R$ 87 bi a operadoras - por André Borges e Isabela Bonfim
BRÁSÍLIA - As operadoras de telefonia poderão ficar com mais de R$ 87,3 bilhões
em bens que hoje pertencem à União, caso seja sancionada a nova Lei Geral das
Telecomunicações, cujo texto só depende agora da assinatura do presidente Michel
Temer.
O cálculo foi feito a partir de informações compiladas pelo Tribunal de Contas
da União (TCU), que se baseou em dados fornecidos pela Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel). A aprovação da nova lei mobiliza os partidos de
oposição, que ainda tentam impedir a publicação do texto no Diário Oficial da
União, o que pode ocorrer a qualquer momento.
O projeto de lei 79/2016, que reformula a lei que regula o setor de
telecomunicações, em vigor desde 1997, coloca um ponto final na polêmica que
envolve os chamados “bens reversíveis” da telefonia fixa. Pelas regras atuais,
todos os ativos públicos - como equipamentos e prédios, por exemplo - e que
foram concedidos às operadoras durante a privatização no setor, deveriam
retornar às mãos do governo em 2025, quando acabam as concessões atuais.
A lei, no entanto, passa todos esses ativos para as mãos das empresas. Em troca,
elas se comprometeriam em fazer investimentos equivalentes. Em vez de novas
concessões, o governo permite ainda que elas solicitem apenas uma autorização
para prestar seus serviços.
O montante dos bens públicos leva em conta preços de 2013, ou seja, é preciso
ainda considerar a correção monetária dos valores. A quantidade dos bens
repassados às operadoras, segundo o levantamento do TCU, supera 8 milhões de
itens. O patrimônio chega a um total de R$ 105 bilhões. Quase metade disso - R$
51,9 bilhões - ficou com a operadora Oi, que hoje atravessa um processo de
recuperação judicial.
Na conta, porém, é preciso incluir ainda os investimentos que as operadoras
fizeram em suas redes e equipamentos e que ainda não foram amortizados. Essa
conta, também a preços de 2013, chegaria a R$ 17,7 bilhões, recursos que a União
teria de pagar às teles. O que sobra em favor das operadoras, portanto, são R$
87,3 bilhões, conforme os dados analisados pela corte de contas.
Em dezembro de 2015, ao analisar o dilema dos bens reversíveis da telefonia, o
ministro do TCU, Benjamin Zymler, deixou claro que há falhas nos dados
apresentados pela Anatel, o que dificulta uma apuração mais precisa dos valores.
“Foram identificadas inconsistências nas RBR (Relações de Bens Reversíveis) e no
tratamento conferido pela Anatel a esses valores depreciados, as quais podem
comprometer a confiabilidade e a fidedignidade desses números”, declarou.
Além do repasse dos ativos às empresas, o governo também avalia a possibilidade
de transformar as multas dadas pela Anatel - só a Oi acumula R$ 20 bilhões em
multas - em investimentos no setor.
Efeitos. Para o governo, a sanção da Lei é fundamental para que a Oi possa
atrair um investidor. A empresa acumula dívidas de R$ 65,4 bilhões. O presidente
da Anatel, Juarez Quadros, disse que o novo marco é mais atrativo para
investidores e que tudo que a Oi precisa neste momento é de novos sócios.
Governo e operadoras argumentam que, com a evolução tecnológica, milhares de
ativos do governo não existem mais. Contudo, o governo evita informar o valor
dos bens reversíveis. Ontem, em cerimônia na Anatel, o ministro da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que a nova lei
telecomunicações deve ser sancionada por Michel Temer “em até 15 dias” e que o
texto “sucede uma lei envelhecida”.
“É uma lei que foi discutida à exaustão. Estou convencido de que é uma boa lei e
de que é bom para o País”, disse o ministro.