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Leia na Fonte: Estadão
[24/12/16]
STF pede que Senado explique projeto que dá quase R$ 100 bi a operadoras
Casa terá 10 dias para se posicionar sobre o texto que muda a Lei Geral de
Telecomunicações e transfere a empresas bens que hoje são da União
BRASÍLIA - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, pediu
ao Senado que explique a tramitação do projeto que altera a Lei Geral de
Telecomunicações no prazo de dez dias. A advogada-geral da União, ministra Grace
Maria Fernandes Mendonça, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
foram oficiados da decisão.
Caso a nova lei seja sancionada, as operadora de telefonia poderão ficar com
quase R$ 100 bilhões em bens que hoje pertencem à União. Isso porque o projeto,
que reformula a lei que regula o setor de telecomunicações, em vigor desde 1997,
coloca um ponto final na polêmica que envolve os chamados “bens reversíveis” da
telefonia fixa.
Pelas regras atuais, todos os ativos públicos - como equipamentos e prédios, por
exemplo - e que foram concedidos às operadoras durante a privatização no setor,
deveriam retornar às mãos do governo em 2025, quando acabam as concessões
atuais.
A lei, no entanto, passa todos esses ativos para as mãos das empresas. Em troca,
elas se comprometeriam em fazer investimentos equivalentes. Em vez de novas
concessões, o governo permite ainda que elas solicitem apenas uma autorização
para prestar seus serviços. Segundo a proposta, a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) vai deliberar sobre o pedido mediante o cumprimento de
requisitos específicos, como a garantia da prestação de serviço em áreas sem
concorrência e a continuidade dos contratos já assumidos.
Entidades criticaram a falta de debate . O Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec), a Associação Brasileira de Procons e outras 18 organizações
civis assinaram uma nota de repúdio contra o ato da Mesa Diretora do Senado
Federal, que rejeitou recursos parlamentares que pediam a análise em plenário do
projeto de lei. As organizações alegam que o projeto não foi discutido
democraticamente e que manobras regimentais violaram direitos.
Pedido. Em mensagem postada em uma rede social, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM)
destacou que a decisão da ministra atendeu a pedido feito por ela e pelo senador
Paulo Rocha (PT-PA) para suspender a tramitação do projeto que modifica a Lei
Geral das Telecomunicações.
A senadora enfatiza que, no despacho, a ministra pede explicações ao Senado pelo
rápido andamento do Projeto de Lei da Câmara (PLC), “que seguiria para aprovação
sem nenhuma votação em plenário”. “Com a decisão, o Senado Federal tem dez dias
para se posicionar a respeito da matéria, que não poderá seguir imediatamente
para a sanção do presidente Michel Temer (PMDB)”, destacou a senadora.
Na última quinta-feira, os senadores de oposição se reuniram com a presidente do
Supremo para pedir urgência no julgamento da ação liminar na qual os
parlamentares pretendem suspender a tramitação do projeto que muda a Lei Geral
de Telecomunicações. A matéria foi aprovada no dia 6 de dezembro na Comissão
Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado. Antes de recorrer ao STF, os
parlamentares protocolaram o mesmo recurso na Mesa Diretora do Senado.
De acordo com a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o texto deveria tramitar
em pelos menos três comissões que envolvem a matéria e passar por votação no
plenário. Para a senadora, o projeto de lei não foi levado ao plenário porque os
defensores do texto "tiveram receio do debate para favorecer interesse de alguma
empresa".
(Com informações de O Estado de S. Paulo)