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Leia na Fonte: Veja
[14/12/16]
STF pede que Senado explique presente bilionário às teles
Lei relâmpago prevê o repasse de cerca de R$ 100 bilhões às operadoras de
telefonia
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, pediu ao Senado
Federal que explique a tramitação de projeto que altera a Lei Geral de
Telecomunicações no prazo de dez dias. A advogada-geral da União, ministra Grace
Maria Fernandes Mendonça, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
foram oficiados da decisão.
Em mensagem postada em uma rede social, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM)
destacou que a decisão da ministra atendeu a pedido feito por ela e pelo senador
Paulo Rocha (PT-PA) para suspender a tramitação do projeto que modifica a Lei
Geral das Telecomunicações. A senadora enfatiza que, no despacho, a ministra
pede explicações ao Senado pelo rápido andamento do Projeto de Lei da Câmara (PLC),
“que seguiria para aprovação sem nenhuma votação em plenário”. “Com a decisão, o
Senado Federal tem dez dias para se posicionar a respeito da matéria, que não
poderá seguir imediatamente para a sanção do presidente Michel Temer (PMDB)”,
destacou a senadora.
Na última quinta-feira (22), os senadores de oposição se reuniram com a
presidente do Supremo para pedir urgência no julgamento da ação liminar na qual
os parlamentares pretendem suspender a tramitação do projeto que muda a Lei
Geral de Telecomunicações. A matéria foi aprovada no dia 6 de dezembro na
Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado. Antes de recorrer ao
STF, os parlamentares protocolaram o mesmo recurso na Mesa Diretora do Senado.
De acordo com a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o texto deveria tramitar
em pelos menos três comissões que envolvem a matéria e passar por votação no
plenário. Para a senadora, o projeto de lei não foi levado ao plenário porque os
defensores do texto “tiveram receio do debate para favorecer interesse de alguma
empresa”.
A PLC 79/2016 dá posse definitiva às teles (Oi, Vivo, Claro, Algar e Sercomtel)
de bens estimados entre 20 a 100 bilhões de reais pelo governo federal. Uma das
principais alterações na Lei Geral de Telecomunicações é a que permite a
adaptação da modalidade de outorga do serviço de telefonia fixa de concessão
para autorização, mediante solicitação da concessionária. Segundo a proposta
aprovada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai deliberar sobre o
pedido mediante o cumprimento de requisitos específicos, como a garantia da
prestação de serviço em áreas sem concorrência e a continuidade dos contratos já
assumidos.
Entidades criticaram a falta de debate sobre mudanças nas telecomunicações. O
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Associação Brasileira de
Procons e outras 18 organizações civis assinaram uma nota de repúdio contra o
ato da Mesa Diretora do Senado Federal que rejeitou recursos parlamentares que
pediam a análise em plenário do projeto de lei. As organizações alegam que o
projeto não foi discutido democraticamente no Senado e que manobras regimentais
violaram direitos.