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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[15/01/16]
A banda larga no centro da discussão - por Rafael Bucco
Brasscom pede priorização de tráfego e diferenciação de níveis de serviços no
acesso à internet, enquanto Netflix cobra proteção às OTTs.
Dentre a variedade de propostas enviadas por diferentes entidades, empresas e
pessoas à consulta pública sobre no novo marco regulatório para as comunicações
no Brasil, uma característica foi unânime: a certeza de que os serviços do
futuro serão baseados na internet e que, portanto, a legislação precisa garantir
a robustez das redes de transporte e o acesso à internet.
A Brasscom, associação brasileira de empresas de TICs, aborda pontos polêmicos.
Defende que as novas regras prevejam modelos de negócio hoje proibidos ou que
carecem de regulamentação. “A política pública deve fomentar a oferta de
diferentes tipos de serviços, desde os básicos voltados a universalização, até
os especializados, que atendam aos requisitos empresariais e de usuários com
necessidades mais sofisticadas. Tais requisitos podem incluir banda ofertada,
priorização de tráfego e outras características ou especificações que vierem a
se tornar disponíveis em função da evolução tecnológica. A política pública pode
incentivar provedores (existentes ou novos), a desenvolverem portfólio de
serviços que atendam a diversidade de níveis de serviço”, acredita. Tais
situações exigiriam
alterações do Marco Civil da Internet.
A entidade
pediu também incentivo à adoção do protocolo IPv6, participação do Brasil em
fóruns internacionais de padronização da internet das coisas, redução dos
impostos incidentes sobre conexões M2M à internet, liberação de mais faixas de
frequência e fomento à construção de data centers. Todas essas seriam condições
para inserir o país na competição internacional pela a internet das coisas e
conexões máquina a máquina.
OTTs
Outras contribuições foram mais amenas, apenas destacando a relevância do acesso
à internet para que a nova legislação não fique defasada rapidamente. O
Information Technology Industry Council, porta-voz de multinacionais de
tecnologia da informação como Google, Twitter, Yahoo, Facebook, defendeu que o
acesso à banda larga garante acesso a aplicativos.
No mais, a manifestação da entidade foi quase toda no sentido de preservar as
OTTs de mais regulação. Atualmente, OTTs não são regulados, sendo considerados
serviços de valor adicionado. “O licenciamento tradicional e os marcos
regulatórios são, em grande parte, incompatíveis com a natureza global. A
tentativa de categorizar e regular os serviços de Internet – que são distintos,
evoluem rapidamente e são inovadores – conduziria, inevitavelmente, à criação de
regras ambíguas e a incerteza comercial”, afirmou.
Posicionamento semelhante foi colocado pela Netflix, que ainda pede proteção às
OTTs. “Embora recomendemos fortemente que os serviços OTT permaneçam sendo
tratados como serviços de valor adicionado no âmbito da legislação brasileira, e
dessa forma sendo brindados com um regime legal flexível e aberto ao processo de
inovação tecnológica, acreditamos que sejam bem-vindos balizadores legais
mínimos e principiológicos que objetivem proteger os provedores de conteúdo de
possíveis abusos de poder econômico perpetrados por aqueles que detém o acesso
às redes de telecomunicações”, alegou.
Também o coletivo
Intervozes, a
Abinee, a
Telcomp e a
ABDTIC manifestaram em suas considerações a centralidade da infraestrutura
de transporte e acesso à internet para garantir a perenidade da nova legislação.
A Fundação Procon de São Paulo enviou contribuição, cobrando a manutenção do
regime público para o setor de telecomunicações e sua aplicação aos serviços de
provimento de internet, inclusive nos celulares. “O acesso à internet de banda
larga, tanto fixo quanto móvel deve ser prestado em regime público, de forma que
o prestador deste serviço fique atrelado a algumas obrigações peculiares deste
tipo de regime, como a universalização e o controle tarifário”, defendeu.