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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[15/01/16]
Intervozes defende concessão para o atacado em banda larga - por Rafael
Bucco
Concessão controlaria os grandes troncos de transporte de dados. Governo faria
leilões reversos ou usaria a Telebras para a construção da última milha.
O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social enviou ontem sua
contribuição para a consulta pública sobre o novo marco regulatório para as
comunicações no Brasil. A consulta, organizada pelo Ministério das Comunicações,
se encerra hoje, 15. Em seus comentários, o coletivo sugere que sejam criadas no
país concessões para ofertas no atacado dos serviços que suportam o acesso à
internet, ou seja, dos grandes troncos da rede.
Essas concessões fariam a oferta no atacado de capacidade das redes de
transporte, ao lado de companhias com atuação em regime privado. ”Integrariam o
contrato de concessão: metas de universalização das redes de transporte em fibra
óptica e controle do preço do link no atacado para garantir sua
competitividade”, propõe.
O coletivo, participante do movimento Banda Larga é um Direito Seu, pede
investimentos em infraestrutura de fibra óptica, sem que se descarte o potencial
da malha de cobre ainda existente e das conexões por satélite. “As redes de
transporte de banda larga e a oferta de capacidade no atacado devem ser alvo de
uma política específica, diferente das criadas para redes de acesso”, observa.
Para Intervozes, a transição do modelo de concessão, da telefonia fixa para a
banda larga no atacado, poderia acontecer antecipando-se o fim dos contratos de
STFC em vigor. Estes contratos se encerram apenas em 2025. “Seriam realizadas
novas licitações, incluindo a operação da banda larga no objeto desses
contratos”, sugere.
Os prestadores que contratarem o link da concessionária no atacado deverão
ofertar um “plano básico” de banda larga fixa, com características definidas
pela União. A oferta de link com preço competitivo facilitaria o surgimento de
empresas dedicadas ao acesso à internet no varejo.
“Caso isso não ocorra, há três alternativas à disposição do poder público para
aplicação conforme o caso: a construção da última milha, infraestrutura que
chega ao usuário final, e a oferta do serviço a esse usuário podem passar a
compor o contrato de concessão do atacado; a Telebras pode construir a última
milha para ofertar o serviço diretamente ao usuário final ou conceder o uso
dessa rede a provedores locais por meio de seleção pública; a União pode
realizar leilões reversos, estabelecendo metas de universalização para a rede de
última milha e “plano básico” de banda larga fixa a ser ofertado”, descreve o
coletivo.
A entidade afirma que propostas de acabar com o regime público para determinados
tipos de serviços de telecomunicações esbarram na Constituição Federal. E
ressalta que, independentemente da solução adotada, os serviços considerados
essenciais ainda precisarão atender a obrigações que abranjam “metas de
universalização, controle tarifário, reversibilidade de bens e contratos de
concessão periodicamente revistos e atualizados”.
O Intervozes também rebate as propostas de uso do Fust para subsídios à oferta
comercial em locais considerados pouco atraentes economicamente pelas
operadoras. “O Fust deve continuar com sua destinação original, já que a atual
ineficiência de sua aplicação se dá por razões externas à legislação”, afirma.
Entre as razões estariam o contingenciamento do fundo por parte do governo
federal.
A telefonia móvel também precisa receber obrigações. “Havendo a revisão da
distinção entre regimes de prestação de serviço, defendemos que também o SMP
esteja sujeito a metas de universalização e controle tarifário,
independentemente da realização dos leilões de faixas do espectro”, diz.