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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[18/01/16]
Proteste pede fim do regime privado em telecom
Organização também pede que seja eliminado o impedimento a subsídios cruzados,
uma vez que a maior parte da receita do STFC já é revertida a investimentos em
infraestrutura de outros serviços.
A Proteste – Associação de Consumidores enviou, no último dia 15, contribuições
à Consulta Pública do Ministério da Justiça sobre as alterações no marco legal
das telecomunicações. A manifestação foi feita contemplando dois cenários: a
manutenção da Lei Geral das Telecomunicações e alteração da lei, e seus impactos
para os contratos de concessão da telefonia fixa e universalização da banda
larga.
Para o primeiro cenário, a Proteste defende a inclusão da banda larga no regime
público, medida que viabilizaria a universalização da internet no Brasil, com a
possibilidade de imposição de metas de universalização e continuidade por meio
da liberação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST,
que arrecada anualmente R$ 2,5 bilhões. A Associação ressalta que a banda larga
é essencial, especialmente as redes de acesso e transporte para o serviço de
comunicação de dados e que, de acordo com o artigo 65 da Lei Geral das
Telecomunicações, deveria ser prestada no regime público.
No segundo cenário, de alteração da Lei Geral das Telecomunicações, a associação
pede o fim do regime privado. A entidade defende que os serviços de
telecomunicações são atribuição exclusiva da União e a existência do regime
privado “limita o poder regulatório para a definição de metas de universalização
e definição de tarifas vem há anos beneficiando as operadoras, comprometendo a
atuação dos governos em relação às políticas do setor, especialmente as voltadas
para o acesso à internet e inclusão digital”.
A Associação defende que, para a universalização do acesso à internet, ainda são
necessários contratos de concessão, considerando a essencialidade das
infraestruturas que dão suporte aos serviços de conexão à internet,
especialmente nas localidades do país onde não há oferta de infraestrutura,
competição e interesse econômico das operadoras.
A Proteste também pede que seja eliminado o impedimento de subsídios cruzados. A
Lei Geral de Telecomunicações proíbe este subsídio entre modalidades de
serviços, mas eles ocorrem na prática. Receitas obtidas com a exploração da
telefonia fixa – 80%, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
em especial a assinatura básica -, foram investidas em infraestruturas de
suporte para outros serviços prestados em regime privado.
“Os subsídios cruzados, por serem proibidos, não são regulados pela Anatel e
trazem grandes prejuízos aos consumidores, que não são beneficiados com os
ganhos decorrentes da exploração do único serviço prestado em regime público,
nem com a redução de preços dos outros serviços. Por isso, a entidade pede o
estabelecimento de regras para regulação das tarifas”, afirma.
Em relação aos bens reversíveis, a PROTESTE defende que a Anatel e as operadoras
cumpram o que foi estabelecido nos contratos existentes. Os novos contratos de
concessão poderão ou não estabelecer a reversibilidade dos bens, como disposto
no art. 93, inc. XI, da Lei Geral de Telecomunicações, caso os bens não sejam
adquiridos ou implantados com recursos públicos, devendo sempre parte da
capacidade das novas redes estarem direcionadas, prioritariamente, para as
políticas de inclusão digital, com obrigações de compartilhamento.
A Associação pede que o modelo de custos para a regulação de preços e tarifas,
no atacado e no varejo, sejam fixadas desde já com base no modelo de custos e
não apenas em 2019, conforme definido pela Anatel. Este modelo deveria estar em
vigor desde janeiro de 2006, de acordo com o Decreto nº 4.733/2003, que definiu
novas orientações de política de telecomunicações. Por fim, quer que qualquer
alteração no marco regulatório das telecomunicações, ou na celebração de novos
contratos voltados para a universalização da infraestrutura para a comunicação
de dados, estejam em conformidade com o Marco Civil da Internet.