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Leia na Fonte: Estadão
[05/07/16]
Pacote econômico transfere para as teles um patrimônio de R$ 17 bilhões
Governo estuda mudança regulatória no setor para permitir que ativos, como
edifícios e redes de infraestrutura, que teriam de ser devolvidos ao fim da
concessão, continuem com as empresas e possam ser vendidos
BRASÍLIA - O pacote de estímulo à economia que está sendo preparado pelo governo
do presidente em exercício Michel Temer inclui mudanças regulatórias nas regras
do setor de telecomunicações que podem liberar, nos cálculos da equipe
econômica, até R$ 17 bilhões em patrimônio das operadoras. Na visão do governo,
esses recursos podem ser canalizados para novos investimentos.
De acordo com uma fonte da equipe econômica, o governo decidiu acelerar o
processo de alteração da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que irá substituir
o atual modelo de concessões no setor por um novo ambiente, o de autorizações.
Com essa mudança legal, os atuais contratos de telefonia fixa que acabariam em
2025 serão reconfigurados, liberando as empresas do setor a investirem sem se
preocuparem em ter de devolver ativos para o Estado na próxima década. A
devolução desses ativos estava nos contratos de concessão.
Cálculos preliminares que estão nas mãos da equipe econômica apontam que os
chamados “bens reversíveis”, hoje nas mãos das empresas, valeriam cerca de R$ 17
bilhões. Esse conjunto de edifícios, instalações e redes de cabos e fibras hoje
estão imobilizados por serem indispensáveis à prestação dos serviços no fim das
concessões.
Mas, com a mudança na legislação, passariam a ser administrados de maneira
idêntica aos ativos de companhias que operam sob o regime privado. Ou seja,
poderiam ser vendidos ou dados como garantia na obtenção de financiamentos,
alavancando imediatamente a capacidade financeira das teles.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mantém uma lista atualizada
desses ativos, cujo valor se aproxima dos R$ 17 bilhões previstos pelo governo.
Segundo uma auditoria feita pelo Tribunal das Contas da União (TCU), no entanto,
esse valor seria de R$ 105 bilhões. A Caixa Econômica Federal ficará encarregada
de fazer uma avaliação de preços.
A disposição do governo em acelerar o processo de mudança no marco legal pode
ajudar a Oi, que no dia 20 de junho entrou com o maior pedido de recuperação
judicial da história do País, no valor de R$ 65 bilhões. A empresa, fruto da
junção entre a Telemar e a Brasil Telecom, detém a maior rede sob o regime de
concessão e, consequentemente, está submetida ao um maior engessamento de
obrigações nesse contrato.
Dois dias após o pedido da Oi ser formalizado, o ministro da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, chegou a dizer que o
processo de alteração da LGT agora deveria ser “mais cauteloso”.
A abertura de um processo a consulta pública para que a LGT fosse alterada
aconteceu ainda no ano passado, sob o patrocínio do então ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, mas a proposta ficou engavetada no Congresso.
As lideranças do governo Temer querem dar prioridade à proposta. Mesmo durante a
crise, o setor investiu mais de R$ 20 bilhões por ano nos três últimos anos e
todas as maiores teles prometeram manter seus planos de investimentos para o
triênio 2016-2018.
O foco do pacote do governo são mudanças regulatórias, sem liberação de recursos
novos ou que tenham impacto fiscal. Segundo fontes, uma primeira rodada de
medidas deve ser encaminhada para análise de Temer na semana que vem.