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Leia na Fonte: Convergência Digital
[21/06/16]
Anatel: Cálculo dos bens reversíveis precisa ser atrativo para empresas -
por Luís Osvaldo Grossmann
Sem querer se comprometer com valores, o superintendente de Planejamento e
Regulamentação da Anatel, José Alexandre Bicalho, defendeu nesta terça, 21/6, na
Fiesp, que a revisão do modelo de telecomunicações implica em precificar de
forma “razoável” os bens reversíveis em poder das concessionárias de telefonia,
de forma a garantir que elas terão interesse em migrar de regime regulatório.
“Temos que afastar algumas expectativas de valores. Tem que ser uma coisa
razoável. Não estamos imaginando uma migração forçada. Tem que ser aceitável
pelas atuais concessionárias. Se a operadora não concordar com saldo, não vai
migrar”, afirmou durante debate sobre o setor de telecomunicações na Fedração
das Indústrias de São Paulo.
Bicalho evitou dar números. “Seria chute”, afirmou. Mas vale lembrar que há
montantes já sugeridos ao debate. O Ministério da Fazenda chegou a sugerir que
eles poderiam ser próximos a R$ 20 bilhões, com base em R$ 17,7 bilhões
mencionados em Acórdão do Tribunal de Contas da União (3315/15). Aquele mesmo
Acórdão, no entanto, também aponta que as estimativas sobre esse patrimônio na
verdade giram em volta de R$ 105 bilhões.
No mesmo debate na Fiesp, a advogada da Proteste e integrante do Comitê Gestor
da Internet Flávia Lefèvre lembrou que a própria Anatel admite que “só de rede
de transporte de acesso temos R$ 71 bilhões”, estrutura hoje fundamental visto
suportar a maior parte do tráfego de banda larga no país (mais de 50% das
conexões são ADSL). Por outro lado, no extinto Ministério das Comunicações a
conversa até há pouco era a busca por um acordo ao redor dos R$ 25 bilhões.
Segundo Bicalho, a proposta da área técnica sobre a revisão do modelo chegará ao
Conselho Diretor da Anatel até o fim deste mês de junho. E embora não cite
valores, reitera que o encontro de contas de obrigações (bens reversíveis, ônus
da concessão) “vai ser trocado em obrigações de banda larga”. “A gente já vem
conversando com TCU pra verificar as melhores formas de avaliação do saldo e da
aplicação do valor para que tenhamos segurança jurídica”, afirmou.
Ainda segundo o superintendente, tal valor ainda vai exigir complementação, de
preferência pelos fundos setoriais, para os programas de ampliação do acesso a
internet. “O saldo a ser apurado não é suficiente para a massificação da banda
larga no Brasil. Haverá necessidade de outras fontes de financiamento”,
completou.