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Leia na Fonte: Convergência Digital
[11/05/16]
Fazenda despreza valor total e calcula acerto dos bens reversíveis em R$ 17,7 bi
- por Luís Osvaldo Grossmann
O Ministério da Fazenda soltou nesta quarta, 11/5, uma
nota técnica na qual apoia a proposta do Ministério das Comunicações para a revisão do marco legal
das telecomunicações no Brasil. Para a Secretaria de Política Econômica, “o
modelo regulatório deve ser revisto para equilibrar a competição no mercado
entre as empresas que atuam sob regime de concessão e aquelas que atuam sob
regime de autorização”.
De forma geral, o documento reproduz os argumentos da Anatel e do Minicom sobre
a necessidade de revisão do modelo, especialmente a partir das conclusões do
grupo de trabalho que culminou com a Portaria 1.455/16. Mas há uma diferença
notável: a Fazenda escolheu jogar ainda mais para baixo a perspectiva de acerto
com o fim dos bens reversíveis.
É que no lugar de buscar a conta do valor total dos bens, estimados em R$ 105
bilhões, o Ministério da Fazenda preferiu ignorar a maior parte desse montante e
se concentrar apenas na parcela que ainda não estaria amortizada. “A migração
para o regime de autorização poderá reduzir a incerteza atual relacionada aos
bens reversíveis, reduzindo o custo de capital das empresas e rentabilizando
novos investimentos que podem chegar a valores de até R$ 17 bilhões a depender
da forma em que a reversibilidade desses bens será revista.”
Os valores foram colhidos diretamente do Acórdão 3311/15, do Tribunal de Contas
da União, que mostra um retrato de absoluto descontrole desses bens por parte da
Anatel. Nele, o TCU estimou o valor total dos bens reversíveis, que estariam em
R$ 105 bilhões em 2013, mas também apresentou o valor ainda não amortizado, de
R$ 17,7 bilhões, este utilizado pela SPE/MF.
Esse valor faz sentido considerando-se a regra atual sobre os bens reversíveis:
ao chegar perto do fim das concessões de telefonia, em 2025, haveria um acerto
de contas sobre esse patrimônio, que voltaria ao controle da União. Caso a conta
fosse de que as empresas fizeram melhorias não totalmente amortizadas, o Estado
indenizaria esse valor. Acontece que na proposta atual, os bens não voltam mais
à União, mas ficarão com as empresas.
Em tempo: Nem o Ministério das Comunicações, que costura esse acerto com as
operadoras, sustenta negociar um valor tão baixo. Até aqui, a área técnica da
pasta indica que o patamar inicial seria os cerca de R$ 20 bilhões que as
empresas informam como bens reversíveis em seus balanços anuais. Em cima disso,
ainda tentaria-se negociar um montante maior tendo em vista o entendimento de
que a proposta de revisão do modelo é amplamente favorável ao setor privado.