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Leia na Fonte: Convergência Digital
[01/03/16]
Bens reversíveis são o calo da revisão do modelo de telecom - por Luís
Osvaldo Grossmann
A Câmara dos Deputados realizou nesta terça, 1º de março, um novo debate sobre a
revisão do modelo de telecomunicações e, mais especificamente, as propostas à
mesa para mudanças nas concessões de telefonia. E entre o que dizem governo,
Anatel, teles e parlamentares percebe-se que os bens reversíveis continuam sendo
o nó mais complicado de ser desatado.
A tarefa fica ainda mais difícil com a evidente intenção de que as primeiras
mudanças aconteçam o mais rápido possível. As teles foram ao Congresso para
ressaltar a urgência de alterações que reduzam custos. A Anatel idem. Mas mesmo
ao defender o uso de Decreto Presidencial, antecipam que será preciso sustentar
mesmo as alterações ‘expressas’ no Parlamento.
“Para manter regime publico apenas onde ele é imprescindível, existe a
possibilidade [de mudança pelo Plano Geral de Outorgas]. Mas vamos falar
claramente. Bens reversíveis envolvem questões delicadas que precisam de
legitimidade”, afirmou o conselheiro Igor de Freitas, da Anatel.
Freitas é o autor da proposta já apresentada ao Conselho Diretor da Anatel de
fazer uma forte mudança nas concessões de telefonia, reduzindo-as a oferta de
orelhões e apenas nas áreas onde não há alternativa de telefonia móvel. Há duas
semanas, quando defendeu a sugestão na agência, indicou que os bens reversíveis
seriam automaticamente evaporados com a desidratação da concessão. Mas nem as
teles estão seguras.
Formalmente, o sindicato nacional das operadoras disse na reunião desta
terça-feira na Câmara que é necessário “um novo regulamento de reversibilidade
dos bens com adoção de modelo funcional e tratamento adequado dos bens
compartilhados”. Reservadamente, representantes das empresas temem que a
proposta em debate na Anatel crie uma confusão jurídica sobre os bens.
A proposta reduz as áreas de concessão. A dúvida das empresas é o que acontece
com os bens reversíveis que estão onde não haverá mais concessão. Por isso,
embora clamem por medidas ágeis, as operadoras veem com simpatia um projeto de
lei apresentado no ano passado pelo deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), que
autoriza a Anatel a fazer mudanças no Plano Geral de Outorgas.
Mas esse PL 3453/15 também tem potencial de criar ainda mais confusão sobre o
tema. Como alertam pessoas do governo muito familiarizada com o assunto, ao dar
poderes à agência reguladora alterar o PGO, ele cria um conflito interno na
própria Lei Geral de Telecomunicações, que diz que essa é uma prerrogativa da
Presidência da República.
Nesse contexto, vale lembrar que o Tribunal de Contas da União já meteu a colher
no imbróglio bens reversíveis. Um acórdão do tribunal exige da Anatel que não
haja mudanças nesse tema sem que antes a corte de contas seja consultada. Ou,
como lembrou o diretor da Secretária de Fiscalização de Telecomunicações, Paulo
Araújo, “O TCU quer que seja encaminhado três meses antes para acompanhar,
inclusive se houver necessidade de a União calcular uma eventual indenização ou
alienação desses bens pelas empresas.”