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Leia na Fonte: Teletime
[19/09/17]
"Carta de Brasília": O caminho para um novo ciclo, na visão das teles - por
Lúcia Berbert
Focada em quatro grandes tópicos, a Carta de Brasília, que reúne as principais
reivindicações do setor de telecomunicações, foi apresentada na noite desta
terça-feira, 19, durante a abertura oficial do Painel Telebrasil, que acontece
na capital federal até esta quarta-feira. Promover os ajustes essenciais para o
início de um novo ciclo; estabelecer políticas públicas e prioridades para uma
agenda regulatória; estimular o desenvolvimento do ecossistema de Internet das
Coisas; e definir uma agenda para o futuro são as prioridades do setor.
As ações propostas pelos empresários do setor focam o atendimento às demandas da
sociedade, que quer mais acesso à banda largam que somente será possível,
entendem, com a atualização do marco regulatório, viabilizando a migração das
concessões da telefonia fixa para a modalidade de autorização, por meio da
sanção do PLC 79/2016. Os executivos sustentam que, com isso, os investimentos
serão destravados, além de garantir maior segurança para investidores e
usuários.
No tópico referente a políticas públicas e prioridades para uma agenda
regulatória, o setor defende a alocação de recursos na ampliação do acesso à
internet, neutralidade tecnológica, políticas de incentivos para ampliação das
redes e o restabelecimento do RePNBL. Já para a Internet das Coisas, os
empresários querem a isenção da incidência de qualquer tributo e incentivos para
a pesquisa e o desenvolvimento dos novos serviços.
A criação de um ambiente regulatório que viabilize o desenvolvimento das
telecomunicações, de forma harmoniosa com os serviços digitais, eliminando
assimetrias regulatórias, estabelecendo regras iguais para serviços similares é
a principal reivindicação do setor na definição de uma agenda para o futuro. Os
empresários também defendem a redução gradativa da carga tributária e o uso dos
recursos dos fundos setoriais. Pedem ainda a implantação da Estratégia
Brasileira para a Transformação Digital.
Leia abaixo a íntegra da carta.
Carta de Brasília 2017
Telecomunicações, um novo ciclo
As Telecomunicações do Brasil completaram, em julho, 19 anos de privatização.
Nesse período, vivenciamos uma revolução nos serviços e na infraestrutura
brasileira de telecomunicações, que hoje é a quinta maior do mundo e dá suporte
a 330 milhões de acessos de serviços de telefonia fixa e celular, internet e TV
por assinatura.
Nesses 19 anos, o setor privado investiu mais de R$ 427 bilhões, que em valores
atualizados ultrapassaram R$ 865 bilhões. Por ano, os investimentos têm se
mantido em patamares elevados, de R$ 30 bilhões, superando os de outros grandes
setores da economia brasileira.
Esse modelo de sucesso, no entanto, precisa ser urgentemente atualizado, para
permitir um novo ciclo de investimento, desenvolvimento e inclusão. É crucial
evoluirmos não só em tecnologia, mas em legislações, regulamentos, políticas
públicas, jurisprudências, entendimentos e conceitos.
São ajustes essenciais para efetivamente iniciarmos essa mudança, com a
adaptação do legado legal, tributário, regulatório e sancionador, baseado num
modelo mais dinâmico e com foco no desenvolvimento e atração de investimentos.
São sugestões de políticas públicas para alcançar resultados concretos, em
sintonia com as tendências de evolução e transformação do setor de
telecomunicações e da transformação digital.
É com o objetivo de encontrar um melhor caminho para o Brasil que apresentamos
as propostas do setor de telecomunicações consolidadas no Painel Telebrasil
2017:
1) Promover os ajustes essenciais para o início de um novo ciclo
· Atender às demandas da sociedade, que quer mais acesso à internet, com
mobilidade e a qualquer tempo e lugar.
· Ampliar o acesso à internet para incluir milhões de brasileiros que atualmente
estão excluídos
· Alterar a prioridade do atual modelo de telecomunicações, de voz para dados,
de telefonia fixa para o acesso à internet em banda larga
· Atualizar o marco legal e regulatório frente à realidade atual, de forma a
fomentar a revolução digital em curso, viabilizando a migração para o novo
modelo, com a sanção e regulamentação do PLC 79
· Permitir a adaptação dos contratos de concessão de telefonia fixa para a
modalidade de autorização, com a adequada valoração dos bens reversíveis
· Incentivar investimentos, permitindo que sejam aplicados em serviços mais
demandados pela sociedade e em projetos que acompanhem a evolução tecnológica
· Garantir maior segurança para investidores e usuários, possibilitando
prorrogações das autorizações de uso das radiofrequências
· Possibilitar a conversão dos ganhos econômicos decorrentes da adaptação dos
contratos em compromissos de investimentos para implantação de infraestrutura de
redes de suporte à banda larga com compartilhamento regulado aplicável entre
operadoras como garantia ao mesmo tempo de inclusão, eficiência e competição
2) Estabelecer políticas públicas e prioridades para uma agenda regulatória
· Definir as prioridades para a alocação dos recursos resultantes das alterações
do modelo, com base em critérios que privilegiem a ampliação do acesso à
internet em banda larga, especialmente em municípios mais populosos e com
potencial de alavancagem da economia
· A regulamentação do novo modelo deve adotar a neutralidade tecnológica como
premissa, permitindo um uso mais eficiente dos recursos e tecnologias
disponíveis
· Estabelecer políticas de incentivo para a ampliação de redes e infraestruturas
de banda larga, especialmente em áreas menos favorecidas e sem competição
adequada
· Promover a desoneração tributária para estimular a expansão de serviços e
redes, incluindo o restabelecimento do RePNBL
· Simplificar e reduzir a regulamentação, levando-se em conta o grau de
competição do mercado brasileiro
3) Estimular o desenvolvimento do ecossistema de Internet das Coisas
· O Plano Nacional para o Desenvolvimento da Internet das Coisas (IoT) deve
estabelecer políticas públicas para o desenvolvimento de soluções com IoT e
permitir a sustentabilidade da oferta de facilidades no ambiente da internet
· É necessário isentar serviços de IoT da incidência de qualquer tributo. O PL
7.656/2017 sinaliza nesta direção ao isentar as comunicações máquina a máquina
(M2M) de taxas e contribuições
· A inovação deve ser perseguida pelos agentes públicos ou privados e deve ser
promovida nas políticas e regulamentação a serem estabelecidas
· Incentivar investimentos do setor de telecomunicações, sustentáculo do
ecossistema de IoT e promover parcerias público-privada visando o estimulo à
pesquisa e o desenvolvimento da internet das coisas para às áreas definidas como
prioritárias e do interesse nacional
· A competitividade e a isonomia na oferta de soluções para a IoT devem ser
prioridades no estabelecimento das políticas públicas para a internet das
coisas.
· Adotar padrões abertos nas plataformas das redes, para se obter ganho de
escala na oferta de soluções de IoT
4) Definir uma agenda para o futuro
· Criação de um ambiente regulatório que viabilize o desenvolvimento das
telecomunicações, de forma harmoniosa com os serviços digitais, eliminando
assimetrias regulatórias, estabelecendo regras iguais para serviços similares
· Estabelecer uma política nacional que identifique na cadeia global as
tecnologias em que o Brasil pode se inserir de forma competitiva, estimulando a
sua adoção, como por exemplo o 5G
· Adoção, pelos municípios, dos critérios definidos na Lei Geral de Antenas,
para estimular a expansão de redes e ampliação de cobertura
· Regulamentar a Lei de Antenas, simplificando e desonerando o processo de
licenciamento, de modo a agilizar a implantação da infraestrutura de
telecomunicações, tornando-a compatível com a necessidade do País
· Estabelecer políticas públicas de incentivo ao compartilhamento de
infraestrutura, especialmente nas relações intersetoriais, e de redução dos
custos para implantação e manutenção das redes de telecomunicações
· Garantir às prestadoras de serviços de telecomunicações a necessária liberdade
na formulação de modelos de negócios e na gestão
· Redução gradativa da carga tributária sobre serviços de telecomunicações para
patamares correspondentes a outros serviços considerados essenciais
· Adotar medidas que garantam o uso dos recursos recolhidos aos fundos
setoriais, de forma a tornar sua aplicação mais eficiente e seu recolhimento
proporcional à sua efetiva utilização
· Implantar a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital, criando um
ambiente propício para a transformação digital da economia brasileira,
aproveitando todo o potencial das tecnologias digitais, já disponíveis por meio
das telecomunicações e da tecnologia da informação, integradas nas TICs, para
alcançar o aumento da produtividade, competitividade e dos níveis de renda e
emprego por todo o país, investindo na formação profissional e de recursos
humanos qualificados.
· Orientar ofertas de soluções completas com TICs que promovam a universalização
e melhorem a efetividade e a eficiência de serviços do Estado demandados pela
população, como registros públicos, saúde, educação, previdência e segurança
· Criar condições para o desenvolvimento de uma nova Política Industrial para o
setor, em substituição à Lei de Informática, baseada, entre outros, numa redução
de carga tributária e de custos em geral, instalação de indústria de componentes
de alto valor agregado, desenvolvimento de PPPs para estímulo da demanda e
incentivando a competitividade internacional, focando também o mercado de
exportações de produtos e serviços
· Reduzir a burocracia no reconhecimento do processo produtivo básico (PPB) e de
tecnologia nacional, já que as empresas brasileiras, com forte investimento em
pesquisa e desenvolvimento local, sofrem com a competição dos produtos
importados até se tornarem elegíveis aos incentivos relacionados
· Revisar o processo de aplicação de sanções administrativas adotado pela
agência reguladora, que tem gerado ações na Justiça e vultosos depósitos
judiciais, comprometendo os planos de investimentos do setor
· Revisar as súmulas da Anatel com interpretações sobre questões regulatórias
que aumentam os custos das empresas e reduzem recursos para investimentos.
Reiteramos, por fim, nosso compromisso com um Brasil mais moderno e inclusivo,
haja vista termos realizado com recursos privados o maior programa de inclusão
do país: a massificação dos acessos para a comunicação interpessoal e para
difusão e consumo de conteúdos multimídia. Nossas prestadoras e indústrias de
telecomunicações estão investidas nesse firme propósito, trabalhando de forma
coesa e reforçando nossa atuação institucional. Acreditamos que dessa maneira
poderemos efetivamente entrar nesse novo ciclo, que esperamos seja de
prosperidade, desenvolvimento e inclusão social.
Brasília, 19 de setembro de 2017
Diretoria da Telebrasil