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Leia na Fonte: Teletime
[05/11/18]
Leonardo Euler será presidente da Anatel até 2021 - por Samuel Possebon
O Diário Oficial da União traz nesta segunda, dia 5, o decreto presidencial com
a nomeação do conselheiro Leonardo Euler de Morais para exercer o cargo de
diretor presidente da Anatel até 2021. Com isso, resolve-se a polêmica sobre
quem seria o presidente da agência com a saída de Juarez Quadros. Moisés
Moreira, indicado pelo ministro Gilberto Kassab, tinha sua sabatina programada
para esta terça, dia 6, e havia a expectativa de que ele viesse a ocupar a
presidência. Mas Temer não só voltou atrás na indicação de Moisés para o cargo
de presidente como a sua sabatina não foi pautada porque a documentação estaria
incompleta, segundo a Comissão de Infraestrutura. Prevaleceu, portanto, a opção
por um perfil mais técnico. Euler de Morais é funcionário de carreira da Anatel
e atualmente presidente o Comitê de Espectro e Órbita da agência, onde tem
defendido publicamente a preparação dos leilões das faixas de 5G até o final de
2019.
Ao longo de seus dois anos na Anatel, Euler já se notabilizou por defender
enfaticamente a redução do Fistel para o desenvolvimento do mercado de satélites
e também a aplicação dos recursos do Fust para banda larga, tendo inclusive
defendido propostas de lei neste sentido que tramitam no Congresso. Há pouco
mais de um ano, o então conselheiro
escreveu para TELETIME sobre os 20 anos da agência, ressaltando os avanços
regulatórios no período e destacando o papel da autarquia no desenvolvimento do
setor.
Existe a expectativa de que o PLC 79/2016, que estabelece um novo marco das
telecomunicações, seja aprovado ainda este ano no Senado, e isso colocará a
Anatel em um intenso trabalho de regulamentar a transição do modelo de
concessões para autorizações e realizar os cálculos referentes aos bens
reversíveis. Euler, nas matérias que relatou no conselho, tem sido um defensor
permanente das teses funcionalistas referentes aos bens, o que significa que em
sua visão mais consolidada, o patrimônio das operadoras deve ser visto em
relação ao seu uso efetivo para a prestação do STFC, e não em relação ao valor
patrimonial que aquilo representa para a empresa. Na mais recente discussão,
referente a imóvel da Sercomtel, ele não endossou a tese de despatrimonialização
da operadora, colocada pelo então presidente Juarez Quadros.
Leonardo Euler ainda teve atuação destacada no processo de recuperação judicial
da Oi, sendo responsável pelo processo que poderia iniciar a caducidade da
concessão da operadora, o que acabou não acontecendo. Também terá outras
decisões complexas em sua gestão, como a avaliação da fusão entre AT&T (Sky) e
Time Warner, pelos obstáculos na Lei do SeAC.
Mas o efeito mais importante da chegada de Leonardo Euler à Anatel, no curto
prazo, será sobre o Gired, o grupo que administra o processo de digitalização da
TV digital. Os radiodifusores estão pressionando para que os recursos que
eventualmente sobrem do processo de desocupação da faixa de 700 MHz sejam
aplicados na digitalização de transmissores em cidades que não estão passando
agora pelo switch-off. Seriam cerca de R$ 600 milhões.
As operadoras de telecomunicações estão desconfortáveis com esta proposta
enquanto não houver segurança jurídica e a definição de quem seria a entidade
responsável por comprar e administrar a digitalização destas cidades. Elas não
querem que a EAD (Seja Digital) fique responsável por esta tarefa. A decisão
está para ser tomada nas próximas semanas e o presidente da Anatel é quem indica
o presidente do Gired. Havia a expectativa no mercado de que Moisés Moreira,
hoje secretário de radiodifusão e defensor da tese das emissoras de TV, uma vez
assumindo a presidência da Anatel, como se imaginava, resolvesse a disputa em
favor dos radiodifusores. Isso agora não é mais uma certeza.