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Leia na Fonte: Teletime
[29/11/18]
Entidades da sociedade civil pedem que Senadores votem contra o PLC 79 - por
Samuel Possebon
Entidades da sociedade civil têm procurado senadores para convencê-los a não
votarem pela aprovação do PLC 79/2016. Em carta enviada aos parlamentares no
início da semana passada, o Clube de Engenharia, Intervozes, Coletivo Digital e
Instituto Bem Estar Brasil argumentam que "um novo modelo regulatório pode e
deve ser gestado, mas colocando-se como prioridade a universalização da banda
larga de qualidade e com tarifas acessíveis a toda a população", e por isso
pedem aos parlamentares que votem contra o projeto, que muda o marco legal das
telecomunicações, e convocam para a realização de um amplo debate sobre as
reformas na Lei Geral de Telecomunicações.
O PLC 79 é criticado em 10 aspectos no documento (íntegra
disponível aqui), ainda que nem sempre as críticas sejam diretas ao que o
projeto coloca, mas sim a questões estruturais do mercado, como a queda de
participação de tecnologia nacional, ou a questões que ainda estão em aberto,
como os compromissos que serão colocados às empresas ou as condições de
renovação do espectro. Confira um resumo das críticas colocadas:
1) Bens reversíveis: argumentam que serão repassados sem custos para as
concessionárias e sem compromissos claros de contrapartidas. Apontam ainda as
críticas feitas pelo Tribunal de Contas da União à ausência de cálculo sobre o
valor dos bens.
2) Exclusão digital: Apontam que 25% da população está excluída digitalmente e
que isto demonstra a necessidade de políticas públicas e incapacidade do mercado
de promover a universalização, sobretudo nas classes C, D e E das regiões Norte
e Nordeste.
3) PIB: argumentam que pela importância da banda larga para o desenvolvimento
econômico e qualidade de vida, a banda larga não deveria ser responsabilidade
apenas do mercado.
4) Escolas sem internet: As entidades lembram que as concessionárias têm
obrigações de levar banda larga a escolas públicas urbanas, e que a mudança de
regime ara autorizações deixaria as empresas desobrigadas do cumprimento deste
compromisso.
5) Renovação ilimitada das licenças de frequências e posições orbitais: Dizem
que o modelo de renovação de espectro impede políticas públicas com o uso do
espectro e que abriria mão de R$ 70 bilhões em licitações obrigatórias.
6) Abrandamento da regulamentação: Argumentam que o PLC 79 promove a liberação
das regras, com riscos para a qualidade de serviço.
7) Desnacionalização do setor de telecomunicações: criticam a queda de
participação da indústria nacional no mercado de telecomunicações, que teria
caído de 77% para 3% e pedem uma política de incentivos.
8) Nova privatização: Argumentam que o PLC 79 representa uma nova privatização
ao transferir infraestrutura para empresas privadas, reduzindo a capacidade do
Estado de estabelecer políticas.
9) Erro na avaliação das concessões: Apontam que o PLC 79 deveria considerar o
fluxo de caixa desde assinatura dos contratos de concessão até a
conversão para autorização nos cálculos do valor de migração.
10) Provedores: argumentam que o PLC 79 favorece a concentração de mercado e
inibe o crescimento de mais de 6 mil provedores de Internet.
Vale lembrar que o PLC 79 está na espera para ser votado em plenário, mas para
isso depende da leitura e votação dos pedidos de urgência, do contrário o
projeto precisaria voltar para a Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação (CCTCI)
para apreciação das 16 emendas apresentadas. Estas emendas, oferecidas por
parlamentares da oposição, estão em linha com boa parte das críticas colocadas
pelas entidades.