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Leia na Fonte: Teletime
[06/01/20]
Novo modelo pode corrigir "equilíbrio ineficiente", diz Euler - por Samuel
Possebon
A Anatel deve retomar, no dia 22 de janeiro, em reunião extraordinária do
conselho diretor, o debate sobre o novo modelo de telecomunicações, com a
regulamentação necessária à Lei 13.879/2019. Mas as perspectivas ainda são
incertas em relação à efetividade da principal alteração legal no modelo: a
conversão das concessões em autorizações. Leonardo Euler, presidente da Anatel,
não cria expectativas em relação aos resultados desta política, reiterando que
será necessário um processo de negociação em que poder público e empresas
concordem com os termos finais.
TELETIME – Entre as questões urgentes e importantes para o ano, o que você
aponta como prioridade?
Leonardo Euler – A gente começa com uma reunião extraordinária dia 22 para
discutir a proposta de consulta de adaptação dos instrumentos de adaptação das
concessões para as autorizações. A Lei 13.879/219 (novo modelo) abre uma janela
de oportunidade no que tange as concessões. Estamos em um momento de "equilíbrio
ineficiente" com as concessões, apesar de haver um ato jurídico perfeito
colocado. Há uma situação de "perde-perde", em que tanto o interesse público
quanto o privado estão perdendo oportunidades. Essa agenda será fundamental para
ganharmos momento e destravar investimentos ao longo do ano. A partir da
precificação adequada do delta entre autorização e concessão poderemos chegar a
um equilíbrio que dê previsibilidade aos agentes de mercado e ao mesmo tempo a
gente consiga deslocar obrigações relacionadas à telefonia fixa para a banda
larga.
TT- Como está a contratação da consultoria que fará as contas? E a definição das
políticas públicas?
Está andando em paralelo. A chamada para as consultorias foi publicada em
dezembro, estamos recebendo as propostas agora. O decreto de regulamentação por
outro lado é necessário e deve endereçar o que o legislador democrático definiu
na lei. É importante que saia o quanto antes. Assim como considero importante a
revisão do PGMU IV, que tem problemas de cunho jurídico, técnico e econômico, e
que não se confunde com PGMU V (que entra em vigor em 2020). Mas até que haja
esta revisão, as metas de 4G previstas no PGMU IV serão cobradas e fiscalizadas
pela Anatel. Mas não é o ideal que permaneça dessa maneira.
TT – Nessa transição de modelo, ainda há tempo de salvar uma quantidade
relevante de recursos para banda larga, considerando o pouco tempo até o final
dos contratos?
É essa a preocupação, e por isso o sendo de premência que precisamos ter para
este tema. Cabe um cumprimento à área técnica da Anatel, que um dia após a
sanção da nova lei já encaminhou ao conselho diretor o processo de
regulamentação. Ou seja, já tínhamos vencido as etapas de análise de impacto
regulatório, análise jurídica e estava tudo pronto para imediato encaminhamento
ao conselho para decisão. Mas esse problema que você coloca de fato existe.
TT – O novo modelo veio tarde?
Se a lei tivesse saído em 2015 ela já estaria atrasada. Se tivesse acontecido em
2010 tampouco a decisão estaria extemporânea. Mas o fato é que temos esta
realidade, 2025 está ai, e por isso o quanto antes concluirmos o trabalho e
possibilitarmos a adaptação para a autorização, melhor. Mas, evidentemente, esse
é um processo facultativo, tanto do lado do poder concedente quanto da
concessionária. Se não chegarmos a um entendimento e a um valor adequado e
justo, não conseguiremos sair desse "equilíbrio ineficiente". Mas isso não
significa que não haverá impactos do novo modelo.
TT – Como ficou a resposta da Anatel ao TCU sobre o Acórdão dos bens
reversíveis? Houve a manifestação da área técnica, as manifestações do
conselheiro Aníbal (antes do término do mandato), depois um pedido de vistas…
O conselheiro Aníbal fez uma proposta que foi objeto de pedido de vistas do
conselheiro Emmanoel Campelo. O conselho ainda não se manifestou de forma
derradeira e precisamos aguardar a proposta do Emmanoel nesse caso.
TT – Isso pode atrapalhar a regulamentação do novo marco legal?
Não vejo como, até porque a aprovação da lei ocorreu depois e no novo marco
ficou consagrada uma visão muito clara sobre o alcance do instituto da
reversibilidade. Mas a interlocução com o TCU está acontecendo no âmbito das
áreas técnicas e tende a ser proveitosa para que a gente destrave investimentos.