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Fonte: Sinditelebrasil (recebido por e-mail)
[23/04/13] Próximos passos
na Neutralidade de Rede
E-mail recebido do Sinditelebrasil:
Em artigo publicado em 2012 em seu blog na internet, intitulado "Próximos passos
na Neutralidade de Rede – Certifique-se de que você está recebendo champanhe, se
foi por isso que você pagou", a vice-presidente da Comissão Europeia, Neelie
Kroes, trata da discussão da neutralidade de rede nos países europeus.
Leia a íntegra do artigo:
Leia na fonte (em inglês): Blog de Neelie Kroes,
Vice-Presidente da Comissão Europeia
[29/05/12]
Próximos passos
na Neutralidade de Rede – Certifique-se de que você está recebendo Champanhe, se
foi por isso que você pagou - por Neelie Kroes
Quando se trata da questão da Neutralidade da rede, quero garantir que os
usuários possam escolher sempre acesso pleno à Internet. Ou seja, acesso a uma
internet robusta, operando com os melhores esforços (best-efforts) em todas as
aplicações que se deseja.
Mas não me agrada intervir em mercados competitivos, a menos que eu esteja certa
de que este é o único caminho para ajudar os consumidores ou as empresas.
Preferencialmente ambos. Em especial porque um remédio mal administrado pode ser
pior do que a própria doença - produzindo efeitos nocivos e imprevistos por
longos períodos no futuro. Assim, eu quero ter melhores dados antes de intervir
sobre a neutralidade da rede.
Há um ano, solicitei ao BEREC (*), o Organismo de Reguladores Europeu das
Comunicações Eletrônicas, que me fornecesse evidências de que os serviços estão
sendo prestados aos usuários com a qualidade correta. Quanto de bloqueio e
filtragem está ocorrendo? Na prática, que dificuldades os usuários enfrentam
para trocar de provedores ou de serviços? Em suma, com que facilidade os
consumidores podem escolher com transparência um serviço que atenda às suas
necessidades, incluindo o acesso pleno à Internet, se este for o serviço por
eles requerido?
Também solicitei aos legisladores europeus e reguladores dos países membros que
aguardassem por maiores informações antes de darem início a uma regulação de
maneira desordenada, país por país, o que retarda a criação de um mercado
digital único e uniforme.
O BEREC já forneceu os dados que eu estava esperando. Para a maioria dos
europeus, o seu acesso à Internet funciona bem a maior parte do tempo. Mas os
resultados mostram a necessidade de mais segurança regulatória e a existência de
problemas suficientes para justificar uma ação rigorosa e orientada para uma
maior proteção aos usuários e consumidores.
Pela primeira vez, sabemos que pelo menos 20% e, potencialmente, até a metade
dos usuários de banda larga móvel da União Europeia têm contratos que permitem
que o seu Provedor de Acesso à Internet (ISP) restrinja serviços como o VOIP
(por exemplo, Skype) ou serviços P2P (peer-to-peer) de compartilhamento de
arquivos.
Cerca de 20% das operadoras de banda larga fixa (espalhadas por praticamente
todos os estados membros da UE) aplicam restrições, tais como limitar os volumes
de dados dos serviços P2P em horários de pico. Isso pode afetar até 95% dos
usuários em um determinado país.
Ao mesmo tempo, em quase todos os Estados-Membros, a maior parte, senão todos,
dos Provedores de Acesso à Internet também oferecem serviços de acesso à
Internet fixa e móvel que não estão sujeitos a tais restrições. De acordo com os
dados do BEREC, cerca de 85% de todos os ISPs fixos, e 76% de todos os ISPs
móveis oferecem pelo menos um tipo de oferta irrestrita.
Portanto, o mercado em geral tem ofertado opções de escolha, embora elas sejam
bastante limitadas em alguns países da União Europeia.
Mas os clientes têm realmente condições para escolher bem? Será que eles
conhecem o que estão contratando? Eu não li todas as páginas do meu contrato de
celular e eu aposto que você também não! Acredito que todos nós precisamos de
informações mais transparentes.
Dado que os resultados encontrados pelo BEREC destacam problemas para uma
escolha eficaz por parte dos consumidores, vou preparar recomendações que
proporcionem opções de forma real, e por um fim neste jogo de espera pela
neutralidade da rede na Europa.
Em primeiro lugar, os consumidores necessitam de informações claras sobre as
velocidades reais, da banda larga do dia-a-dia. Não apenas a velocidade às 3h da
manhã , mas a velocidade nos horários de pico. O upload, bem como a velocidade
de download e a velocidade mínima, quando aplicável. E que velocidade você terá
quando estiver assistindo à sua IPTV como parte de seu pacote triple-play ou
baixar um arquivo de video on demand usando um serviço de qualidade premium.
Adicionalmente, você deve sempre saber o que essas velocidades anunciadas
realmente permitem que você faça quanto estiver online.
Em segundo lugar, os consumidores também precisam de informações claras sobre
quais os limites dos serviços pelos quais eles estão pagando. Logicamente, é
melhor ter um limite específico para a quantidade de dados que o usuário pode
baixar ou enviar pela Internet do que contratar algo não limitado, mas sujeito à
política de um uso razoável que dão aos provedores de serviços de internet (ISP)
um alto grau de discricionariedade. Isto permite que os usuários de baixo volume
encontrem as ofertas que melhor lhes convém. Do mesmo modo, incentivam os ISPs a
ofertar volume de dados a preços que reflitam seus custos e, assim, poderem
suportar seus investimentos em modernização de redes, dado o conhecido declínio
das suas receitas com os serviços de voz.
Em terceiro lugar, os consumidores também precisam saber se eles estão recebendo
Champagne ou apenas um vinho espumante. Se não é um serviço de acesso pleno à
Internet, ele não deveria ser comercializado como tal. Talvez ele não devesse
ser comercializado como serviço de Internet, ao menos se não tiver uma
qualificação mínima. Os reguladores devem ter esse tipo de controle de como os
ISPs comercializam o serviço.
Mas eu não proponho forçar um determinado provedor, ou todos os provedores, a
fornecer somente acessos plenos à Internet: Esta é uma questão para ser decidida
pelos próprios consumidores.
Se os consumidores querem ter acesso a descontos porque só pretendem usar
serviços online limitados, por que criarmos obstáculos para isso? E também não
queremos criar obstáculos para os empresários que desejam fornecer serviços de
conexão sob medida ou pacotes especiais de serviços, sejam eles de acesso a
redes sociais, música, redes inteligentes, serviços de saúde online, ou outro
qualquer. Mas quero que os clientes estejam cientes do tipo de serviço que estão
recebendo e o que estarão deixando de receber.
Nossa orientação é a de facilitar a troca de provedor de acesso à Internet pelo
consumidor, de modo que possa escolher o tipo de acesso ofertado no mercado que
melhor lhe convier.
Vou continuar a acompanhar o mercado para garantir que os consumidores europeus
em geral tenham acesso a serviços competitivos e plenos de Internet, em redes
fixas ou móveis.
Ao mesmo tempo, os produtos que limitam o acesso à Internet muitas vezes exigem
monitoramento de tráfego online, através do que se chama “Inspeção de pacotes”.
Isso suscita questões relativas à privacidade e nós precisamos de uma orientação
clara sobre as ações dos ISPs, os quais devem ter, neste assunto, um
comportamento responsável, e de quanto esses consumidores estão bem informados
para terem um controle eficaz, se optarem por esses produtos.
Sou a favor de uma Internet aberta e com ampla capacidade de escolha. Isso deve
ser protegido. Mas você não precisa que eu ou a UE lhe diga sobre que tipo de
serviços de Internet que você tem que pagar.
(*) BEREC – Body of European Regulators for Electronic Communications