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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[25/04/13]
Modelos de negócios criativos na web ficarão proibidos com aprovação do Marco
Civil da Internet, alerta Ahciet - por Lúcia Berbert
Acordos entre provedores de conteúdo e de acesso para garantir maior velocidade
aos usuários ficam inviabilizados, diz Pablo Bello.
Modelos de negócios criativos no mercado de banda larga que ganham espaço em
diversos países do mundo, como o acerto entre provedores de conteúdo e acesso
para aumentar a velocidade da conexão quando o usuário acessa serviços de vídeo,
podem ficar proibidos no Brasil, caso o projeto de lei do Marco Civil da
Internet seja aprovado sem alterações. O alerta foi feito pelo secretário-geral
da Associação Latino-Americana de Centros de Investigação e Empresas de
Telecomunicações (Ahciet), Pablo Bello, a deputados em encontro promovido pelo
SindiTelebrasil.
Bello afirmou que a Netflix, que a cada dia agrega mais assinantes, paga
diretamente às operadoras para que, ao assistirem seus vídeos, os clientes
disponham de velocidade maior, sem onerar os demais usuários da rede. Também
advertiu que ficará inviável a possibilidade da Amazon co-financiar a utilização
do Kindle, como já acontece agora. Segundo ele, esses modelos de negócios são
incompatíveis com o conceito de neutralidade de rede estabelecida na proposta,
que prevê tratamento isonômico de quaisquer pacotes de dados, sem distinção por
serviço.
“Se eliminar a possibilidade de ter planos de serviços diferentes, que atendam o
interesse dos usuários, o custo da conexão encarece e retira a sustentabilidade
do negócio”, avalia Bello, que participou da elaboração da lei chilena de
neutralidade de rede, como vice-ministro de comunicações daquele país. Pela
norma, aprovada em 2010 e regulamentada em 2011, os provedores de acesso podem
diferenciar conteúdos e aplicações de forma não arbitrária, autoriza a oferta de
planos diferentes ao “internet full”, permite que provedores de acesso gerenciem
o tráfego desde que não afetem a livre concorrência e obriga a transparência aos
usuários sobre questões relacionadas à velocidade e qualidade.
O diretor-geral da Ahciet disse também que outras poucas normas internacionais
sobre o tema, como a dos Estados Unidos e da Colômbia, focam a garantia de
informações ao consumidor e de impedir discriminações arbitrárias, mas permitem
a gestão de rede razoável. “A internet é um mercado em desenvolvimento, tem que
haver um cuidado para que o regulamento não limite o crescimento e a inovação”,
recomendou.
O encontro de Bello com os parlamentares, inclusive com o relator do Marco Civil
da Internet, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), faz parte da nova estratégia do
SindiTelebrasil para defender a posição das teles no debate. Os empresários
abandonaram o discurso técnico da necessidade de gerenciamento não arbitrário da
rede, após constatar a dificuldade de entendimento. “Somos totalmente a favor da
neutralidade de rede, mas o atual projeto distorce e radicaliza esse conceito”,
disse o diretor de Banda Larga e Infraestrutura do sindicato, Alexander Castro.
Durante o encontro, ele entregou a proposta de alteração do projeto de lei das
operadoras.