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Leia na Fonte: Convergência Digital
[20/08/13]
Governo não tem consenso sobre obrigação de datacenters no país - por Luís
Osvaldo Grossmann
Ao esboçar algumas reações às denúncias de espionagem dos Estados Unidos, o
governo brasileiro elaborou uma proposta de novo artigo a ser inserido no Marco
Civil da Internet determinando que os dados de brasileiros devam ser armazenados
em datacenters instalados no país. Mas parece não haver consenso.
O próprio relator do projeto, Alessandro Molon (PT-RJ), não está certo de que
vai atender o pedido do governo e incluir a previsão no texto do projeto. Mais
do que isso, no entanto, nem mesmo dentro do governo existe unanimidade, como se
viu nesta terça-feira, 20/8, em audiência na Câmara dos Deputados.
Mesmo entre parlamentares, que votarão essa premissa, há divergências. “Parece
fácil falar, mas estamos falando de questões inclusive técnicas da computação em
nuvem. Seria desejável que os datacenters viessem para cá, mas isso pode ser
complexo”, afirma o deputado Eduardo Azevedo (PSDB-MG).
Embora o vice-presidente da Anatel, Jarbas Valente, tenha sustentado que “temos
estrutura e capacidade para termos esse datacenters no Brasil”, essa não é uma
avaliação geral. Como destacou o professor, Gustavo Torres, do centro de estudos
em governo eletrônico da UFRGS, há encrencas brasileiras.
“Imagine um provedor de serviço como Netflix, que tem que baixar uma quantidade
enorme de conteúdo de uma fonte distante. Ele não coloca aqui porque não tem
infraestrutura adequada. Nosso problema de atribuir capacidades não está
resolvido minimamente”, acredita.
Para o professor, o Brasil precisa antes de tudo superar fragilidades. “À medida
que resolvemos um gargalo de infraestrutura, que no nosso caso é muito severo,
estaremos viabilizando trazer esses dados”, avalia. O governo, no entanto, é
outro caso. “Dados de infraestrutura crítica, de governo, naturalmente têm que
ser colocados aqui e esse preço terá que ser pago.”
Ainda que seja uma sugestão saída do governo, com grande defesa do Ministério
das Comunicações, dificuldades como essas sinalizam divergências internas. O
Ministério de Ciência e Tecnologia, por exemplo, prefere tratar a questão no
terreno dos incentivos, não da imposição.
“Tem um aspecto econômico. Se conseguirmos atrair esses datacenters com
estímulos, seria melhor para atrair essas empresas para cá”, acredita o
secretario de Políticas de Informática do MCT, Virgílio Almeida. Ele também
entende que o Marco Civil não seria o campo ideal para a proposição. “Talvez
fosse mais apropriado pensarmos nisso em regulamentação”, diz ele.