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Leia na Fonte: Convergência Digital
[20/08/13]
Espionagem alimenta ataques entre teles e provedores de conteúdo - por Luís
Osvaldo Grossmann
Se a Câmara dos Deputados demonstrou dificuldade em se aprofundar na discussão
sobre a espionagem dos Estados Unidos, as empresas que atuam na Internet, pelo
fornecimento da infraestrutura ou oferta de aplicativos, aproveitaram a
oportunidade para se atacarem mutuamente.
Nesse campo, a quebra de privacidade das comunicações de brasileiros – assim
como de cidadãos do mundo todo – foi apenas o pretexto, enquanto o Marco Civil
da Internet o verdadeiro pano de fundo dessa ‘batalha’, durante audiência
pública, realizada nesta terça-feira, 20/08, na comissão de Ciência e
Tecnologia.
As operadoras buscaram frisar sua diferença como ‘nacionais’ frente aos grandes
provedores ‘estrangeiros’ de conteúdo. “As teles, diferentemente de provedores
internacionais de aplicação, estão sujeitas exclusivamente às leis brasileiras”,
destacou o diretor Sinditelebrasil, Eduardo Levy.
Aparentemente não se tratou de uma afirmação com relação ao efetivo controle das
empresas – visto que as telecomunicações brasileiras têm como acionistas
empresas de capital estrangeiro. No caso, trata-se de uma referência indireta ao
fato de o Google, por exemplo, dificultar a entrega de dados de clientes às
autoridades brasileiras (embora, como visto, não às americanas).
Em especial, porém, as teles procuraram se diferenciar no campo em pauta, da
privacidade. “Grandes provedores de aplicação da Internet lêem o conteúdo
existente nos seus servidores e vendem essas informações ao mercado
publicitário. Os e-mails são lidos e com base no conteúdo anúncios são
oferecidos”, insistiu Levy.
Esse porém, é um campo escorregadio. O ataque faz sentido pois, como se viu no
escândalo das denúncias de espionagem, diversas empresas da Internet colaboraram
com o governo americano e repassaram dados de seus clientes. Mas Levy também
afirmou que as teles no Brasil “não mantêm parceria com órgãos estrangeiros para
acesso a dados privados dos clientes”. Para ele, seria “crime”.
Acontece que é notório que operadoras de telecomunicações que atuam no Brasil
têm acordos, por exemplo, com a britânica Phorm. Embora tenha tido problemas
para atuar na Europa, essa é uma empresa especializada no rastreamento dos
internautas e na construção de perfis com base na navegação – Oi e Telefônica
têm essa parceria com ela desde 2010.
De sua parte, no entanto, os provedores reagiram. O presidente da Abranet,
Eduardo Neger, destacou o que entende como outra diferença importante esses dois
campos: enquanto provedores de conteúdo são de livre escolha dos usuários, o
mesmo nem sempre é válido para os provedores de infraestrutura.
“São diversos atores que utilizam a mesma rede, cada um com seu objetivo. Mas na
camada de aplicações, o usuário tem total liberdade de escolha; é fácil migrar
de um serviço para outro. Quando falamos em serviço de telecomunicações, muitas
vezes não existem muitas opções de infraestrutura”, lembrou o executivo.