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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[31/03/13]
Sinditelebrasil defende gerenciamento de redes para oferta de novos produtos
- por Rafael Bravo Bucco
Representante das operadoras debate na Campus Party possibilidade das operadoras
gerenciarem conteúdo desde que consenso dos assinantes
Um debate acalorado ocupou o palco Arquimedes da Campus Party na quarta-feira.
Alexander Castro, diretor de regulamentação do Sindicato Nacional das Empresas
de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Eduardo
Parajo, integrante do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) e presidente do
conselho consultivo da Associação Brasileira de Internet (Abranet), e Carlos
Afonso, integrante do CGI.br e diretor do Instituto Nupef, conversaram sobre o
Marco Civil da Internet, que aguarda votação do Congresso.
Em defesa das empresas de telecomunicações, Castro afirmou que o artigo 9 do
projeto de lei, que estabelece a neutralidade de rede, deveria ser mudado. "As
empresas deveriam ter a possibilidade de oferecer aos assinantes serviços como a
restrição de acesso a sites pornográficos, por exemplo, caso o cliente queira
prevenir seus filhos de entrar nessas páginas, mas o Marco Civil impede. O
artigo quer normatizar o que as empresas podem oferecer", exemplificou.
Ainda segundo Castro, o texto do Marco Civil restringe a livre iniciativa e
competição, a oferta de serviços customizados conforme diferentes perfis de
usuários, e pode afetar o desenvolvimento da infraestrutura da rede. "Estimamos
que 70% do tráfego em 2015 será de vídeo, e que, hoje, 20% dos usuários são
responsáveis por 80% do tráfego. São muitos, subsidiando poucos. Para dar
tratamento isonômico a todos os usuários e serviços, as redes terão de ser
superdimensionadas", disse. Para o Sinditelebrasil, o texto do projeto de lei
deveria ser reescrito para incluir a possibilidade de restrição de conteúdos com
consentimento dos usuários e caso seja um requisito técnico para prestação do
serviço contratado.
Parajo, da Abranet, e Carlos Afonso, do Nupef, questionaram as afirmações.
Ressaltaram os riscos de censura e de segregação que o modelo sugerido pelo
Sinditelebrasil poderia originar. "Acredito que os planos como existem hoje são
a diferenciação necessária. Se o cliente assina conexão de 1 megabit, deve
receber 1 megabit. Essa natureza da internet vem funcionando nos últimos 20
anos", afirmou Parajo.
Segundo ele, pelo Marco Civil, ainda é possível diferenciar serviços conforme o
perfil. "O usuário tem que ter liberdade para usar a internet sem limitações.
Oferecer um plano de acesso apenas a redes sociais não fere a neutralidade, mas
quem comprar capacidade de acesso deve poder fazer o que quiser com essa
capacidade. Não deve navegar por um site que pagou para ter seus pacotes
transferidos com prioridade de forma mais rápida, e por um que não pagou, de
forma mais lenta", disse. Outra questão apontada por Parajo foi a barreira que a
alteração proposta pelo Sinditelebrasil causa à criação de novas empresas.
"Novos serviços não poderão pagar por um acesso privilegiado. Sem a
neutralidade, a inovação fica prejudicada", afirmou.
João Carlos Caribé, do Movimento Mega Não!, disse que “a internet não pode ser
segmentada em serviços, ela é o serviço. Criar outras ofertas é gerar confusão
para o consumidor, como a que se tem hoje com os planos de celulares. A intenção
do Sinditelebrasil é criar uma nova internet, alterando o que já existe que
funciona há anos. Isso não é possível".