WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Crimes Digitais, Marco Civil da Internet e Neutralidade da Rede --> Índice de artigos e notícias --> 2013
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na
Fonte: O Globo
[19/10/13]
‘É possível criar regras globais para a internet’ - por Sérgio Matsuura
[Entrevista com Alan Marcus, diretor de Tecnologia da Informação do Fórum
Econômico Mundial]
Para o diretor de Tecnologia da Informação do Fórum Econômico Mundial, Alan
Marcus, o escândalo de espionagem revelado por Edward Snowden cria a
oportunidade para a construção de regras globais de governança da internet
O esquema de coleta massiva de dados revelado pelo ex-funcionário da Agência de
Segurança Nacional dos EUA Edward Snowden levantou questões sobre o futuro da
internet. Alan Marcus defende que é preciso criar novos pactos de confiança.
Governos, organizações e empresas devem deixar claro o que será feito com as
informações dos internautas. E, principalmente, cumprir o que for acordado. O
especialista vem ao país em novembro para participar da Cúpula Mundial de
Políticas Públicas em TI, que acontece pela primeira vez no Brasil, com apoio da
Associação das Empresas Brasileiras de TI.
Como o senhor avalia o impacto que o escândalo de espionagem provocou na
internet?
Eu não encontro uma resposta certa para essa pergunta, mas sei que o futuro do
mundo digital vai depender da criação de novos pactos de confiança. Quando eu
digo confiança, não quero dizer que o seus dados não serão coletados, mas que
governos, empresas e outras organizações vão dizer o que pretendem com esses
dados e fazer apenas o que foi dito.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, fez um discurso duro durante a
Assembleia Geral das Nações Unidas. Foi uma posição acertada?
A presidente Dilma Rousseff teve uma reação muito forte quando soube que era
alvo de espionagem. Foi uma resposta racional: “como ousa fazer isso comigo?
Quero que não aconteça novamente”. A reação inicial é dessa maneira, mas espero
que a segunda seja o diálogo entre governos e organizações, para que eles
expliquem o que estão fazendo com essas informações.
Após o escândalo, muito se falou sobre a criação de regras globais de governança
da internet. Isso é possível?
Sim. Eu acredito ser possível criar regras globais para a internet. Mas temos
que ter cuidado para que países, individualmente, não confundam a necessidade de
normas globais e boa governança com a necessidade de controle governamental
sobre a rede. Essa é a linha tênue com que precisamos nos preocupar. Não
acredito que seja o caso do Brasil, mas existem países que podem aproveitar a
oportunidade para cercear a liberdade dos cidadãos.
E esse tema está na agenda do Fórum Econômico Mundial?
Certamente está na agenda da nossa comunidade, formada por líderes globais, e a
discussão é tratada com prioridade. O caminho tomado até agora é sobre a noção
de princípios universais, pois é difícil aplicar leis que atendam às necessidade
de todos os países. Os princípios permitem a definição do que pode ou não ser
aceito e as legislações são criadas localmente.
Sobre a indústria de TI no Brasil, como o senhor avalia a nossa situação?
O Brasil está fazendo um bom trabalho, incentivando o desenvolvimento de
companhias de TI. O país também tem exercido excelente papel na atração de
grandes multinacionais, que facilitam o desenvolvimento de talentos, mas a falta
de mão de obra especializada é uma lacuna que precisa ser preenchida.
A educação é um problema para o mercado brasileiro?
Não podemos dizer que a educação é ruim, mas podemos dizer que há falhas no
desenvolvimento de habilidades necessárias para a indústria de TI,
particularmente nas áreas de análise de dados e matemática computacional.
Além da falta de mão de obra especializada, o Brasil possui outros problemas no
setor?
Eu não chamo de problemas, mas oportunidades. Um ponto particularmente
importante é dos contratos. Nossas pesquisas apontam que o número de
procedimentos e a quantidade de dias para fechar um contrato no Brasil são
elevados em relação a outros países. Outra questão é o foco nas plataformas
móveis. O Brasil está bem servido de computadores, penetração da internet e
celular, mas o alto custo de tablets e smartphones ainda atrapalha.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/tecnologia/e-possivel-criar-regras-globais-para-internet-10440231#ixzz2iH3s1VVq
© 1996 - 2013. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações
S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito
ou redistribuído sem autorização.