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Fonte: Convergência Digital
[21/10/13]
União Europeia: "Neutralidade de rede é o que mantém a Internet aberta" - por
Luís Osvaldo Grossmann
Futurecom 2013 - Cobertura especial - Patrocínio: Embratel
O representante da União Europeia no Brasil não mediu palavras para defender a
neutralidade de rede durante o debate promovido sobre o Marco Civil da Internet,
pré-evento que reuniu operadoras e políticos no Futurecom 2013, que acontece até
o dia 24/11, no Rio de Janeiro.
“A neutralidade de rede é o que mantém a Internet aberta”, sustentou Augusto de
Albuquerque. “O usuário é que decide que conteúdo quer, não o operador, nem o
governo. Bloquear e estrangular peer-to-peer e voz sobre IP é inaceitável como
gestão de tráfego pelas operadoras. Não concordamos que para fornecer qualidade
sejam tomadas atitudes discriminatórias.”
O depoimento veio a calhar porque nesta mesma semana a Comissão Europeia deve se
posicionar sobre o novo pacote de medidas que afetam diretamente o setor de
telecomunicações mas que, como explicou, parte de uma abordagem mais abrangente.
“Estamos a tratar como a economia digital pode afetar todos os outros setores”,
insistiu.
Embora a abordagem na Europa caminhe para o que as operadoras de lá consideram
como “mais flexível que o Marco Civil”, o representante da UE foi taxativo: “O
problema é que não há regras claras sobre neutralidade de rede na UE, deixando
mais de 90% dos europeus sem proteção legal a seu direito de acesso a uma
internet aberta.”
Lá, onde a tentativa de legislar foi precedida de um amplo estudo, verificou-se
que 94% dos prestadores de serviço de telecomunicações bloquearam serviços
‘concorrentes’ – aplicações como Skype, por exemplo. “Se as companhias querem
diferenciar suas ofertas, têm todo o direito de fazer isso, mas atitude
discriminatória, não”.
Para o diretor do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, as empresas que atuam no Brasil
concordam. “Não queremos ler conteúdo de nada ou discriminar conteúdo. Mas sem
uma leitura mínima dos dados não temos como ter uma rede bem gerenciada. Não
concordamos com alguns pequenos e fundamentais detalhes [do projeto] que poderão
restringir investimentos futuros das empresas.”
Detalhes
O debate também evidenciou que divergências continuam – e começam dentro do
partido da presidenta da República, que quer ‘urgência’ na votação do Marco
Civil. Com a ausência do relator, deputado Alessandro Molon, outros dois
petistas, o senador Walter Pinheiro (BA) e o deputado Jorge Bittar (RJ),
mostraram que o tema não está pacificado sequer ‘internamente’.
Para Bittar, que foi bastante crítico ao texto, “o problema é que o Marco Civil
entrou na regulação econômica da Internet na questão da neutralidade, e entrou
em um nível de detalhamento que não precisaria; poderia deixar para a Anatel
regulamentar. Prefiro uma redação de caráter mais claro, geral, com limites que
não sejam estabelecidos rigidamente em lei”.
Ansioso para que o projeto chegue logo ao Senado, Pinheiro defende o oposto. “É
importante escrever as diretrizes. A regulamentação não será na lei, mas se não
deixarmos claras as diretrizes, vai se escrever o que? Não pode sair da cabeça
da Anatel, porque vai dar problema”, avalia, ao defender uma lei menos genérica.
“Se a Câmara não incluir, vamos ter que reescrever no Senado.”