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Leia na Fonte: Convergência Digital
[03/09/13]
Para Brasscom, obrigar datacenters no Brasil fortalece mercado cinza
- por Luís Osvaldo Grossmann
A instalação de datacenters no Brasil não deve ser objeto de lei, muito menos do
Marco Civil da Internet. É uma medida ruim que vai, na prática, empurrar os
brasileiros para o mercado cinza. A avaliação é da Associação Brasileira de
Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Brasscom.
Como destacou o diretor de infraestrutura da entidade, Nelson Wortsman, durante
audiência no Senado Federal, o caminho é dar condições ao Brasil de disputar
esse mercado mundial – e isso passa necessariamente por abordar os custos de
instalação dessas centrais de dados no país.
“Não somos contra a colocação de dados no Brasil. Mas sendo obrigação vamos
gerar mercado cinza e aumentar o ‘Custo Brasil’. Somos especialistas em criar
mercados cinzas ao obrigarmos o usuário a pagar coisas que o levam a buscar
alternativas não ortodoxas. Essa é uma questão de competitividade”, afirmou.
O governo, no entanto, insiste que os dados de brasileiros devem ser guardados
em território nacional e que o caminho para isso é obrigar as empresas que atuam
no país a implantarem infraestrutura de armazenamento no Brasil. O caminho
eleito para isso é, até aqui, um novo artigo no Marco Civil da Internet.
“Achamos fundamental termos os dados de brasileiros em território nacional”,
repetiu na mesma audiência no Senado o secretario de Telecomunicações do
Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão. “O detalhamento de como isso
vai se dar ficaria para a regulamentação”, emenda.
A menção à regulamentação vem na esteira das dúvidas sobre o efeito prático do
armazenamento de dados no Brasil – ao menos para o fim sugerido pelo governo,
que seria coibir a captura de dados de brasileiros pelos serviços de espionagem
dos Estados Unidos.
Martinhão não soube responder, por exemplo, qual o efeito de uma obrigação como
essa sobre a legislação norteamericana, que obriga empresas dos EUA a fornecerem
dos dados dos clientes caso assim exigido pelo governo de lá – independentemente
de onde tais dados estejam guardados.
No mais, a Brasscom acredita que o Brasil teria grande potencial de faturar alto
com o mercado global de datacenters, mas insiste que uma lei, por si, não muda a
estrutura, ou seja, não será uma regra que vai atacar o ponto fraco do país
nesse campo, que é o custo de implantação e manutenção dos datacenters.
“Gostaríamos que o Brasil fosse muito importante no mundo da Internet, no mundo
da nuvem, que fossemos um grande polo de datacenters, com custos adequados para
atrair investimentos e receitas”, ressalta o diretor de infraestrutura da
entidade.
“Mas enquanto montar um datacenter no Brasil custa US$ 61 milhões, no Chile é
US$ 51 milhões, na Argentina US$ 46 milhões e nos EUA US$ 43 milhões. E a
manutenção também é mais cara. São US$ 100 milhões de manutenção anual aqui
contra US$ 71 milhões no Chile ou US$ 51 milhões nos EUA”, completa. A CDTV, do
portal Convergência Digital, mostra a participação do executivo da Brasscom na
Audiência Pública.