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Leia na Fonte: Correio Braziliense - Origem: Agência Brasil
[03/09/13]
Senadores criticam demora da Câmara para votar Marco Civil da
Internet
Na avaliação do governo, o texto têm grande foco no usuário e preserva o caráter
dinâmico e democrático da internet
As denúncias de espionagem norte-americana contra o Brasil tem reforçado o
discurso de urgência da aprovação do Marco Civil da Internet. A proposta - que
há dois anos tramita na Câmara dos Deputados - está parada, apesar de pronta
para a votação no plenário. Para ganhar tempo, os senadores já estão discutindo
o projeto em audiências públicas na Comissão de Ciência e Tecnologia da Casa.
No debate desta terça-feira (3), o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) cobrou uma
reação mais rápida dos Poderes às denúncias. “Tanto o Congresso Nacional quanto
o Executivo precisam se movimentar. O que devemos tirar de ensinamento dessa
espionagem é que o Brasil deve aperfeiçoar suas leis para que isso não
aconteça”, disse o senador.
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) criticou a demora da Câmara em votar a
proposta. “Fomos pegos de surpresa. Estamos meio que atordoados, fazendo
reuniões para traçar planos de diretrizes sobre algo que deveria estar pronto
nessa guerra cibernética em que o Brasil, por ser uma potência em crescimento,
está submetido”, avaliou.
Na avaliação do governo, o texto têm grande foco no usuário e preserva o caráter
dinâmico e democrático da internet. Com as denúncias de espionagem, um dos
pontos que estão sendo discutidos com mais destaque é o da guarda de dados. O
governo também está interessado em ver a legislação aprovada rapidamente, porque
o Marco Civil pode servir de resposta em uma situação com a atual.
“Ele permitirá a proteção do usuário que se sentiu lesado com a violação desses
dados. Se eu tenho um usuário que guardava os dados com um prestador de serviço
da internet e, de repente, descobre que esses dados foram violados,
independentemente da previsão da legislação de outro país, o prestador de
serviço certamente poderá ser responsabilizado”, explicou o secretário de
Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Castro. Ele admitiu
que, nesses casos, a prova da violação é difícil, mas não impossível.
Representantes das operadoras reconhecem a importância do Marco Civil da
Internet, mas criticam o texto que está em discussão. Para o diretor de
Regulação do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel
Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Alexander Castro, além de prejudicar o
modelo de negócio das operadoras e inibir investimentos, a proposta dificulta a
apuração de crimes na internet, atrapalha a inclusão digital, privilegia alguns
usuários em detrimento de muitos e trata os sites de conteúdo de modo
diferenciado.
“Se o provedor de aplicação pode ler o e-mail do usuário, se um provedor de rede
social pode usar as informações pessoais dos usuários para vender publicidade
diante de uma autorização, por que os provedores de acesso não podem? Isso é que
a gente entende que o Marco Civil deve mudar”, reclamou Alexander Castro.