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Leia na Fonte: Convergência Digital
[03/09/13]
Anatel: Internet é telecom e precisa de nova governança global - por
Luís Osvaldo Grossmann
A Anatel desfechou nesta terça-feira, 3/9, seu mais forte argumento contra o
Marco Civil da Internet. Ao discutir o projeto de lei no Senado Federal, o
vice-presidente da agência, Jarbas Valente, sustentou que a proposta faz da
Internet um serviço de telecomunicações e, por isso, sob a responsabilidade da
Anatel.
Esqueça-se a Lei Geral de Telecomunicações, que repete a Norma 4/95 e trata a
rede como ‘Serviço de Valor Adicionado’, fora do jugo do regulador de telecom.
Para a agência, o Marco Civil muda tudo ao dizer que a Internet “possibilita a
comunicação de dados entre terminais por meio de diferentes redes”.
A agência também dispara contra o conceito de neutralidade de rede, por entender
que “podemos criar condições de dificultar a neutralidade ao proibir ‘bloquear,
monitorar, filtrar, analisar ou fiscalizar o conteúdo dos pacotes de dados’”.
Segundo o conselheiro, as operadoras de rede – ou seja, as empresas de
telecomunicações – só poderão manter a neutralidade se tiverem acesso a
informações que digam o que está contido nos pacotes de dados que trafegam pela
Internet.
Governança
Valente também voltou a defender mudanças na governança mundial da Internet para
que os internautas se libertem da hegemonia dos Estados Unidos. “O modelo de
governança atual é controlado por um único organismo, a ICANN”, afirmou o
conselheiro.
“Tudo que se quer instruir e construir no mundo da Internet o mundo precisa de
autorização dos Estados Unidos. Se Cuba quiser ter acesso à Internet é preciso
de ter autorização. Se o Irã tiver interesse, precisa de autorização”, metralhou
o vice-presidente do órgão regulador.
Ressalte-se que tanto Cuba quanto o Irã têm Internet, não é uma questão de
autorização ou não. A diferença é que alguns países utilizam ferramentas para
restringir o acesso de seus cidadãos. O governo do Irã, por exemplo, anunciou no
ano passado a tentativa de transformar a Internet no país em uma espécie de
Intranet, sem acesso a diversos recursos, inclusive à www.
Irã que, por sinal, apoia a proposta da Anatel, levada à União Internacional de
Telecomunicações, de reforma na governança da rede, deixando essa tarefa à cargo
da UIT. A China e a Rússia, que também usam ferramentas de bloqueio ou leis
restritivas, também se associaram ao que Valente chamou de “estratégia de Estado
em curso relacionada à governança internacional da Internet".
A CDTV, do portal Convergência Digital, disponibiliza a posição defendida pelo
conselheiro da Anatel, Jarbas Valente, na audiência publica do Marco Civil, no
Senado Federal.