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Fonte: Convergência Digital
[16/09/13]
Dilma reafirma neutralidade de rede e redime Comitê Gestor como modelo de
governança - por Luís Osvaldo Grossmann
A política brasileira para a Internet parece ter se beneficiado da sacudida
promovida pelas denúncias de espionagem dos Estados Unidos. O tema parece ter
entrado de fato no radar da presidenta Dilma Rousseff, que nesta segunda-feira,
16/9, se reuniu com o Comitê Gestor da Internet no Brasil para discutir o Marco
Civil e a governança da rede.
“Apresentamos o modelo de governança multissetorial da Internet no Brasil, que é
um modelo elogiado internacionalmente e é um exemplo que outros países poderiam
buscar. E essa respeitabilidade é importante na construção de um novo modelo”,
disse ao fim do encontro o coordenador do CGI.br e secretario de Políticas de
Informática do MCTI, Virgilio Almeida.
O que ficou da reunião, para quem dela participou, foi uma recuperação de
terreno. Para vários dos integrantes do Comitê Gestor, aquela instância estava
afastada das tratativas do governo sobre a Internet. “A impressão é a de que
conseguimos vencer um bloqueio que impedia esse diálogo”, resumiu um dos
conselheiros presentes.
No campo específico do Marco Civil da Internet, o Comitê – que compareceu em
peso à reunião – reforçou a defesa da neutralidade de rede “como proposto pelo
relator na Câmara”, a garantia da privacidade dos usuários e a inimputabilidade
da rede. Na prática, tanto no campo da governança como do projeto de lei, o
modelo é usar o decálogo de princípio do CGI.br.
Há uma semana, em reunião com o relator do PL 2126/11, Alessandro Molon (PT-RJ),
a presidenta da República - aborrecida com a espionagem dos Estados Unidos - já
acenara em direção à neutralidade de rede, o ponto que até aqui impediu uma
votação do Marco Civil na Câmara dos Deputados.
O principal impacto parece ser mesmo uma certa redenção do Comitê Gestor. Nos
dois últimos anos, o CGI.br vinha sendo escanteado pelo Ministério das
Comunicações, especialmente depois que a pasta abraçou a visão de governança da
Internet defendida pela Anatel – algum tipo de controle nacional sobre a rede e
sob um fórum como a União Internacional das Telecomunicações.
Redenção tanto pela instância em si como pelo objetivo: instrumentalizar o que
Dilma Rousseff proporá na ONU no campo da necessidade de uma governança
internacional da Internet. Até aqui, Minicom e Anatel dominaram essa discussão,
inclusive levando uma proposta “de governo” à UIT. Nesta segunda, Dilma Rousseff,
intencionalmente ou não, usou um ‘freio de arrumação.
Quando Almeida menciona o modelo brasileiro respeitado internacionalmente, como
é o funcionamento do CGI, há um recado dado e compreendido: a governança da
Internet não cabe na visão da Anatel e muito menos sob a 'guarda' da UIT. “É
importante que o Brasil melhore o diálogo interno, porque dependendo de quem
fala sobre o tema de governança, é uma versão ou outra que aparece”, resume o
diretor-presidente do NIC.br, Demi Getschko.