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Fonte: Terra Tecnologia
[25/09/13]
Ministro da Justiça defende Marco Civil para combater espionagem
Em audiência na Câmara, deputados da oposição criticam resposta do governo
brasileiro aos atos da inteligência americana
José Eduardo Cardozo informou também que sua pasta estuda proposta para proteção
de dados pessoais Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara José Eduardo Cardozo
informou também que sua pasta estuda proposta para proteção de dados pessoais
Foto: Zeca Ribeiro / Agência Câmara
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu na terça-feira, na Câmara, a
votação pelos deputados do Marco Civil da Internet (PL 2126/11, apensado ao PL
5403/01), como forma de dar uma resposta ao mundo no combate à espionagem. Ele
participou de audiência pública sobre as denúncias da vigilância praticada pela
Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês)
contra o Brasil.
Na visão do ministro, o aprimoramento das leis nacionais pode ser um instrumento
de defesa da privacidade dos cidadãos e também do Estado. "A proposta de um novo
Marco Civil da Internet é uma saída não só para o momento que o Brasil vive, mas
para todos os países que querem ter também os seus direitos e a sua soberania
garantidos", afirmou.
A proposta tramita com urgência e está pronta para análise do Plenário. O
relator da matéria, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), reforçou que a medida
constitui uma referência mundial de legislação sobre a internet. "Não é
aceitável, portanto, que o País continue adiando a votação", afirmou Molon, na
reunião.
Cardozo informou, ainda, que o Ministério da Justiça estuda uma proposta para a
proteção de dados pessoais, com o intuito de estabelecer que os cidadãos são
titulares das informações que dizem respeito a eles. O ministro esteve na Câmara
para explicar as providências tomadas pelo Brasil após as denúncias de
espionagem virem a público.
As denúncias dão conta de que a presidente Dilma Rousseff teve comunicações
pessoais investigadas pela inteligência americana e que empresas nacionais, como
a Petrobras, também teriam sido alvo de espionagem. Na audiência, Cardozo
detalhou reuniões realizadas com representantes do governo americano nos Estados
Unidos e lembrou que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso.
Ele lamentou, no entanto, que o Brasil tenha recebido poucas informações do
governo americano, que se limitou a dizer que atua contra o terrorismo e não
aceitou fechar acordos.
Críticas
Deputados da oposição criticaram a resposta brasileira ao assunto. Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), um dos parlamentares que sugeriram a audiência, disse que o
Brasil foi surpreendido por algo previsível, uma vez que o País, cada vez mais,
ganha destaque internacional.
Por sua vez, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) afirmou acreditar que o governo
brasileiro aproveita o episódio de forma eleitoreira. "A população tem a atenção
desviada para um foco que não é a inflação, a geração de emprego, os problemas
de gestão nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", declarou.
Em resposta, Cardozo argumentou que o Brasil não foi o único país a ser
surpreendido pelas denúncias. Outras nações, inclusive a Alemanha, ressaltou,
também manifestaram sua indignação. "Temos fragilidades, mas parece que todos os
países do mundo têm", comentou.
Por outro lado, o ministro destacou que a posição adotada pelo País quanto ao
assunto tem sido firme. Ele elogiou o pronunciamento de Dilma na 68ª Assembleia
Geral da ONU, nesta terça, em Nova York. No encontro, a presidente classificou o
programa de inteligência dos Estados Unidos como "uma grave violação dos
direitos humanos" e "desrespeito à soberania nacional".