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Fonte: Convergência Digital
[19/02/14]
Marco Civil já corre risco de nem ser votado na próxima semana - por Luiz
Queiroz
A cada sessão da Câmara dos Deputados para discussão e votação do Marco Civil da
Internet, mais complicado fica o desfecho desse tema. E, como tem urgência
constitucional imposta pelo governo, mais difícil fica a situação do
Legislativo, que acaba com a pauta trancada, impedido de avançar na votação de
outras matérias. A sessão desta quarta-feira, 19/02, foi mais uma prova do grau
de desentendimento que o projeto vem gerando na Casa.
A discussão do substitutivo do deputado Alessandro Molon (PT-RJ) que estava
marcada para esta quarta-feira terminou adiada para a próxima semana. O PMDB e o
PP se uniram para impedir que os partidos tentassem debater o tema em plenário.
Com essa obstrução, que permanecerá até que se chegue a um acordo sobre o texto
final do projeto, a votação do Marco Civil, que em princípio estava marcada para
a próxima semana, corre o risco de não ocorrer.
O grau de desentendimento é tamanho que, hoje, na votação de um requerimento, o
PT chegou a se unir à oposição para tentar garantir o debate do Marco Civil. E o
PMDB, partido da base, se opôs à proposta. A matéria saiu da pauta sem uma
definição de solução no curto prazo, nem mesmo para a questão da votação do
requerimento que pedia o debate hoje, quando os partidos ainda encaminhavam
voto.
O relator da proposta, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), confirmou que havia um
acordo entre os líderes partidários para adiar a votação para a semana que vem,
caso a discussão não se esgotasse nesta quarta-feira. Como sequer chegaram a
iniciar a discussão do projeto, a possibilidade de votação tornou-se remota.
“Esse projeto precisa ser melhor avaliado. A internet é livre, nasceu livre, e
as regras podem influir de forma negativa”, disse o deputado Colbert Martins
(PMDB-BA). O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), por sua vez, já
anunciou que a bancada pretende votar contra o projeto.
Entre os pontos polêmicos, que continuam sem acordo estão a neutralidade da
rede, que impede a venda de pacotes diferenciados, sem deixar claro quais seriam
os tipos de pacotes que prejudicariam os usuários, o tempo em que as informações
dos usuários serão registradas pelos provedores; e a obrigatoriedade de
instalação de datacenters no País.
Hoje a líder do Governo, Ideli Salvati, acenou com uma mudança de redação no
texto de Molon, para deixar de forma mais explícita que o Marco Civil não
impedirá as empresas de telefonia de oferecerem pacotes com preços diferenciados
e velocidades de conexão distintas. Assim o governo entende que na prática não
significaria quebrar a neutralidade de rede prevista no projeto, pois não
estaria discriminando usuários. O cerne da questão, que seria impedir que as
teles discriminem o volume de tráfego dos usuários que não assinaram planos com
a empresa ofertante, acabaria mantido.
Porém essa mudança aceita pelo governo não será feita pelo próprio relator. Virá
na forma de uma emenda em separado, o que também na prática significa que o
governo pretende atropelar o texto do relator. Ideli, entretanto, não deixou
clara a postura do governo em relação á outro ponto polêmico: Obrigatoriedade de
instalação de datacenter no Brasil pelos provedores de conteúdo. Pelo menos por
enquanto o governo enfrenta forte oposição até dos partidos da base e não há uma
solução para o problema. O mesmo ocorre quanto a definição do tempo de guarda de
infomações de navegação dos usuários.
*Com agências.