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Internet.org
Leia na Fonte: Teletime
[26/02/14]
Players de Internet precisam ajudar teles a sustentar crescimento das redes, diz
Quatorze - por Fernando Paiva
Nos últimos dois anos, a América Móvil registrou aumento de 120% em seu tráfego
de dados e de 80% no número de usuários de Internet móvel, enquanto a receita
cresceu apenas 40%. "Não é um modelo sustentável para o futuro. Temos que
encontrar uma solução. E isso depende de todos os players, não apenas das
teles", disse Marco Quatorze, diretor de serviços de valor adicionado do grupo,
durante painel no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, nesta quarta-feira,
26. Ele elogiou a flexibilidade de algumas operadoras de criarem planos de dados
diários e de certos governos em reduzir o preço de licenças em troca de metas de
cobertura, mas pediu mais parcerias com players de Internet. "Precisamos de
ajuda dos players de Internet, como Google, WhatsApp, todos eles, porque é
necessário mais dinheiro vindo do ecossistema para sustentar o crescimento da
rede", disse.
A Claro mantém parcerias com Facebook e Twitter em vários países da América
Latina com o objetivo de incrementar a receita com dados entre clientes
pré-pagos. O formato, porém, varia de acordo com as necessidades de cada
mercado. No Brasil, por exemplo, o Facebook é oferecido de graça para aqueles
usuários pré-pagos que tenham saldo. "O propósito é manter a base ativa",
explicou Quatorze. No México, onde não há uma penetração tão grande de celulares
dual-SIMcard, o objetivo é aumentar o valor médio das recargas: quem compra
créditos a partir de determinado valor ganha o acesso gratuito à rede social. Em
todos os casos, o Facebook funciona como uma porta para a Internet, o que acaba
levando o consumidor a comprar pacotes de dados para acessar outras páginas, a
partir de links dentro da rede social.
Quatorze lembra que os usuários pré-pagos têm apenas entre US$ 7 e US$ 9 para
gastar por mês em créditos. "Temos que encontrar maneiras de fazer esse
usuários, com esse dinheiro, acessarem a Internet", disse. Ele relata que, se
tirada uma fotografia da base pré-paga da América Móvil a qualquer momento, se
verá que entre 30% e 40% dos usuários estão sem saldo nenhum.
Publicidade
No mesmo painel, o CEO da Jana, Nathan Eagle, sugeriu que a publicidade pague a
conta do acesso a dados pelos usuários pré-pagos em países emergentes. Sua
empresa oferece precisamente isso: publicidade móvel focada em pré-pagos em
troca de créditos para os clientes usarem em telefonia celular. "Grandes marcas
gastam US$ 200 bilhões por ano em publicidade tradicional em países emergentes.
Mas os consumidores nesses países têm outras necessidades. Eles gastam 10% do
seu salário em telefonia", disse.
A Jana fez uma recente campanha para Unilever na Indonésia que incluía um vídeo
distribuído para celulares e uma pesquisa a ser respondida também pelo celular.
Centenas de milhares de pessoas participaram durante os dois dias da campanha.
"Valeu muito mais a pena do que botar dinheiro em um outdoor", comparou Eagle. A
plataforma da Jana está conectada a 237 operadoras em 102 países, incluindo o
Brasil.
Facebook
Chris Weasler, diretor do projeto Internet.org, criado pelo Facebook, ressaltou
a importância de os desenvolvedores levarem em conta as condições econômicas e
de rede dos mercados emergentes quando criarem apps voltados para esse público.
Ele contou que, durante uma viagem à África, uma equipe do Facebook constatou
que o app funcionava muito mal ou nem sequer funcionava nas redes de lá. Depois
disso, tomaram mais cuidado para que o app fosse leve, assim como suas
atualizações, transitando a menor quantidade possível de dados e preservando a
bateria.
"Os clientes pré-pagos em mercados emergentes não querem usar nada que não seja
extremamente necessário. Eles pagam por cada byte. Se uma marca envia uma
pesquisa pelo celular, está tirando dinheiro deles. Tem que fazer valer a pena
para eles participarem", concluiu Eagle, da Jana.