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Fonte: Convergência Digital
[25/03/14]
Após dois anos, Câmara aprova Marco Civil da Internet - por Luís Osvaldo
Grossmann
O que parecia inviável há algumas semanas aconteceu nesta terça-feira, 25/3, na
Câmara dos Deputados. Depois de dois anos de muita discussão – em diversos
momentos com base em premissas equivocadas ou deliberadamente falsas – os
deputados se alinharam majoritariamente a favor do Marco Civil da Internet - o
única senão foi o PPS, que voto contra o texto dizendo que 'não quer o governo
regulamentando a Internet'.
Em verdade, o clima no Congresso desde cedo sugeria que os votos necessários
para aprovar o PL 2126/11 seriam alcançados. Ainda que uma parcela dos deputados
tenha feito certo muxoxo sobre a necessidade de ordem judicial para a remoção de
conteúdos da rede, foram se acumulando sinais pela aprovação.
Ao longo do dia, as vozes que até então vinham apontando maiores resistências a
determinados pontos do Marco Civil – notadamente o PMDB e os principais partidos
de oposição, PSDB e DEM – desmobilizaram as baterias e passaram a defender os
termos do relatório de Alessandro Molon (PT-RJ).
“O governo sentou à mesa para negociar, limitou a regulamentação, excluiu a
obrigatoriedade dos datacenters. Com essas modificações o PMDB vai se manifestar
favoravelmente. Ainda que minha preferência seja pela não regulação da Internet,
vamos apoiar”, discursou o líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cunha, como é notório, travestiu-se de maior opositor do projeto – mais
combativo que os oposicionistas tucanos e do DEM. De fato, o governo negociou.
Mas os pontos expressos nos discursos não merecem tão grande mérito,
especialmente porque as alterações são muito pequenas na prática.
Pesou mais a liberação de recursos para emendas e, segundo circula na Casa, uma
tramitação azeitada para a Medida Provisória 627, que trata da tributação de
empresas com atividades no exterior. Mas vale a justificativa do líder Antonio
Ibassahy (BA): “Chegamos a um acordo que o PSDB entende bem encaminhado”.
É certo que o governo cedeu na questão da obrigatoriedade de instalação de
datacenters no país. Mas se aceitou a retirada dessa parte do projeto, é bem
verdade que no fundo apenas se rendeu às evidências. Já existia um acerto
multipartidário para eliminar isso do PL 2126/11.
No lugar, o texto reforça a jurisdição brasileira sobre privacidade, dados
pessoais e sigilo das comunicações. Provedores de conexão e aplicativos devem
respeitar as leis nacionais “mesmo que as atividades sejam realizadas por pessoa
jurídica sediada no exterior, desde que oferte serviço ao público brasileiro ou
pelo menos uma integrante do mesmo grupo econômico possua estabelecimento no
Brasil”.
Em outro ponto, atacou-se a regulamentação da lei por Decreto, tendo ‘enfim’ o
governo aceitado rever a redação dessa parte do artigo 9o. Além do cheiro de
falsa polêmica – a regulamentação de leis pela Presidência da República é uma
premissa constitucional – o resultado final é o pretendido inicialmente, mas é
bom ressaltar que a Anatel - até então fora do processo - voltou à cena e será
ouvida, junto com o Comitê Gestor da Internet.
No mais, pequenos ajustes atenderam demandas específicas. Pelo descarte de uma
emenda que poderia eliminar a neutralidade de rede foi incluída “a opção de
livre escolha na utilização de programa de computador em seu terminal para
exercício do controle parental de conteúdo”. Também em prol do acerto o relator
alterou um “pode ser” por um “será responsabilizado subsidiariamente” o provedor
de aplicação que divulgue sem autorização dos participantes ou não remova após
notificado pelos envolvidos ou responsáveis legais, cenas de nudez ou sexo.
O
Convergência Digital publica a íntegra do texto apresentado, e aprovado, pelo
relator Alessandro Molon, do PT/Rio de Janeiro. Clique aqui. (PDF - 280 KB)