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Fonte: Jornal de Negocios (Portugal)
[28/12/15]
Activistas indianos acusam Facebook de não respeitar o princípio da neutralidade
da internet - por Inês F. Alves
O programa de serviços básicos gratuitos do Facebook já está presente em 37
países, mas na Índia está longe de ser consensual. Em causa está o respeito pelo
princípio da neutralidade da internet.
O programa de serviços básicos gratuitos promovido pelo Facebook na Índia está
sob fogo cruzado. A rede social fala em igualdade de oportunidades e em combate
à pobreza. Os críticos argumentam que se trata de uma estratégia para vincular
os mais pobres ao ecossistema do Facebook, alienando os rivais da rede social,
noticia a Bloomberg esta segunda-feira, 28 de Dezembro.
"Não temos qualquer problema com internet gratuita desde que esteja aberta a
todos. O pacote de serviços básicos gratuitos [da rede social] é apenas uma
maneira de prender os utilizadores do ecossistema do Facebook. Ali não há Google,
não há Youtube", explicou Mahesh Murthy, co-fundador do fundo de investimento
Seedfund e da startup de marketing Pinstorm, citado pela agência. "Podem os
ricos ter acesso a tudo na Internet e os pobres apenas conseguem aceder ao
Facebook", acrescentou.
Em causa nesta polémica está o princípio da neutralidade de acesso à internet,
ou seja, de que todos os sites devem ser igualmente acessíveis.
No âmbito do programa internet.org, que promove o acesso à internet em países em
desenvolvimento, a rede social propõe um plano de dados básico gratuito que
permita o acesso através do telemóvel a serviços específicos, onde se incluem,
além da rede social, listagens de emprego, informações na área da saúde e da
educação.
No entanto, os críticos acreditam que esta proposta não só coloca em causa o
princípio da neutralidade, como pode conduzir a que sejam cobrados preços
diferenciados consoante os sites ou aplicações a que se quer aceder. O programa
internet.org – no qual se inclui o pacote de serviços básicos da rede social - é
inclusivamente visto como uma forma de atrair mais utilizadores para o Facebook,
que conta já com mais de mil milhões de pessoas, escreve a Bloomberg.
Zuckerberg está a gastar milhares de milhões de dólares no programa internet.org,
onde se incluem iniciativas que visam distribuir internet em zonas remotas ou
com pouco acesso através de drones, satélites e lasers, explica a agência. O
empresário veio entretanto esclarecer que o Facebook e os seus parceiros não vão
lucrar com este programa, cujo objectivo é promover o acesso à internet nos
países em desenvolvimento e combater a pobreza.
"Isto não é sobre os interesses comerciais do Facebook – não há sequer anúncios
na versão de serviços básicos gratuitos do Facebook", disse Zuckerberg num
artigo de opinião no jornal Times of India. "Se as pessoas perdem o acesso a
serviços básicos gratuitos, simplesmente perdem o acesso às oportunidades
oferecidas hoje pela internet", argumentou.
A polémica surge na sequência do apelo do co-fundador da rede social em defesa
do pacote de serviços básicos gratuitos num dos principais jornais do país e
numa altura em que o regulador indiano das telecomunicações colocou o tema para
consulta pública, questionando se as empresas de telecomunicações devem ser
autorizadas a aplicar preços diferenciados pelo uso de dados para aceder a
diferentes sites, aplicações ou plataformas e, caso seja possível, que medidas
devem ser adoptadas para garantir os princípios da não-discriminação,
transparência, acesso sustentável, competição e inovação.
O Facebook tem em curso uma campanha para "salvar os serviços básicos gratuitos
na Índia", onde pede aos indianos que preencham um formulário que espoleta o
envio de um email para o regulador.
A consulta pública termina a 30 de Dezembro.