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Fonte: Bit Magazine (Portugal)
[30/12/15]
Internet grátis do Facebook cancelada no Egipto - por Ana Rita Guerra
É mais um percalço na estratégia de Mark Zuckerberg de conectar os próximos
milhares de milhões de pessoas que ainda não têm acesso à Internet. Depois de
uma suspensão na Índia, é a vez de as autoridades egípcias cancelarem também o
serviço Free Basics.
O programa de acesso gratuito a vários sites e aplicações estava a funcionar há
cerca de dois meses e já cobria três milhões de egípcios. Foi lançado no âmbito
de uma parceria com a Etisalat Egypt, uma das muitas operadoras que embarcaram
no projeto Free Basics (antes conhecido como internet.org) do Facebook.
Não foram dadas explicações para o encerramento. A rede social enviou uma nota à
Associated Press informando sobre o sucedido, referindo o seu desapontamento e
afirmando a sua esperança de “resolver a situação rapidamente” para que o acesso
possa ser restaurado.
A parceria entre o Facebook e a Etisalat foi um dos temas referidos no RiseUp
Summit 2015, um evento de empreendedorismo e inovação que decorreu há poucas
semanas no Cairo e teve a participação da rede social, além de outros gigantes
da área.
A AP indica que nem as autoridades egípcias nem a Etisalat quiseram fazer
comentários ou explicar o problema, mas a verdade é que o Free Basics tem
encontrado obstáculos por todo o lado. Os críticos acusam a rede social de, na
prática, desrespeitar a neutralidade da rede que é defendida pelos reguladores.
No caso da Índia, onde o serviço foi suspenso na semana passada, o regulador das
comunicações está a investigar a conformidade da parceria com a Reliance
Telecommunications.
O problema é que o acesso à gratuito mas apenas para um número selecionado de
sites e aplicações – com a app do Facebook e a do Messenger à cabeça. Zuckerberg
escreveu mesmo uma crónica no Times of India rejeitando as críticas. “Em todas
as sociedades, há certos serviços básicos que são tão importantes para o
bem-estar das pessoas que esperamos que toda a gente possa aceder aos mesmos de
forma gratuita”, indicou, referindo de seguida livros, saúde e educação. “Não há
base válida para negar às pessoas a escolha de poderem usar o Free Basics”,
sublinhou.
Do lado contrário, Nikhil Pahwa, da organização SaveTheInternet, argumenta que o
Facebook não pode escolher a que sites dará acesso aos pobres, e que o direito a
uma internet livre não pode ser trocado por migalhas. Há vários programas
alternativos e low-cost de acesso à internet em países em desenvolvimento, como
um da fundação Mozilla. A neutralidade da rede, lembra, é não dar uma vantagem
competitiva a qualquer site ou aplicação.