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Leia na Fonte: Computerworld
[21/07/15]
Neutralidade da rede: o outro lado da questão - por Carina Bitencourt
*Carina Bitencourt é diretora de marketing e qualidade na Fibracem. Formada em
administração pela PUC-PR.
Governo não pode usar a neutralidade para fazer propagando própria e até mesmo
censurar notícias que os comprometam?
O tema é realmente delicado. As leis não se adequaram ao novo estilo de vida:
temos a vida “real” e a digital. As duas são entrelaçadas, não há mais uma linha
de divisão – um mundo onde devemos seguir regras e outro onde podemos assumir
uma nova identidade e não responder por esses atos.
Mas somente quando os direitos e deveres dos cidadãos esbarram na neutralidade
da rede que o assunto esquenta. Claro que a maioria deseja que todos os usuários
tenham o mesmo direito à velocidade e qualidade e que as informações não sejam
avaliadas e filtradas pelos servidores. No entanto, como vamos garantir os
direitos à privacidade e honra quando todo e qualquer conteúdo é entregue?
O Marco Civil da Internet define que os servidores não podem tratar conteúdos de
forma diferenciada mediante a pagamentos extras – estimulando a livre
concorrência. Mas não é bem assim que acontece. A internet já é um mercado
extremamente capitalista e cruel, quem paga mais aparece mais, e isso nem
depende de o servidor barrar o conteúdo ou entregar ele mais lentamente, já que
os serviços de busca e o investimento em publicidade definem quem terá um espaço
mais ao sol.
Um assunto crítico, na minha opinião, são os cyber crimes. As leis do código
civil não são aplicadas nem monitoradas de maneira eficaz no âmbito digital. Os
crimes de pedofilia e injúria são muito mais difíceis de serem detectados e
punidos.
Outro assunto que deve ser discutido entre a sociedade é a autonomia do estado
para definir o que são situações de “emergência” – casos nos quais os servidores
serão obrigados a dar preferência a certos pacotes de dados em detrimento de
outros.
A pergunta que fica é: o governo não pode usar a neutralidade para fazer
propagando própria e até mesmo censurar notícias que os comprometam?