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Fonte: Teletime
[08/06/15]
Depois do almoço grátis vem o jantar pago, diz VP do Facebook sobre Internet.org
- por Fernando Paiva
O Internet.org, projeto do Facebook que fomenta o acesso à Internet através de
dispositivos móveis em países emergentes, não é uma obra de caridade. Embora
consista na oferta de acesso gratuito a determinados conteúdos de relevância
local em parceria com operadoras celulares, seu objetivo final é que a maioria
das pessoas que experimentarem desta maneira uma primeiro acesso à Internet se
tornem em seguida usuários pagos de acesso móvel à web. A mensagem foi deixada
clara pelo vice-presidente de política de acesso global e móvel do Facebook e
ex-chairman da FCC, Kevin Martin, que está no Brasil esta semana e participou
nesta segunda-feira, 8, de um seminário internacional sobre neutralidade de rede
na FGV do Rio de Janeiro. "Depois do almoço grátis vem o jantar pago", ele
disse, em resposta a uma pergunta da plateia sobre qual seria o modelo de
negócios por trás do Internet.org.
Para explicar, Martin citou o caso da Índia, onde 90% do tráfego dos 800 mil
usuários do Internet.org já acontece para sites de fora do projeto. Isso
significa que uma parcela grande do público passou a pagar pelo acesso móvel. O
executivo ressaltou que o Facebook não remunera as teles parceiras pelo acesso
gratuito que essas oferecem ao Internet.org. Portanto, a conta só fecha se os
beneficiados passarem a pagar pela Internet em algum momento. Caso contrário, as
teles acabarão suspendendo a parceria.
Atualmente, o Internet.org está disponível em 12 países distribuídos entre
América Latina, África e Ásia: Colômbia, Guatemala, Zâmbia, Tanzânia, Quênia,
Gana, Malawi, Índia, Bangladesh, Paquistão, Filipinas e indonésia. Ao todo, 9
milhões de pessoas já experimentaram o Internet.org no mundo.
No Brasil, o Facebook prometeu oferecer acesso gratuito à Internet na comunidade
de Paraisópolis, em São Paulo. Neste caso, será com uma rede montada pela
própria companhia. Recentemente, o fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg,
se encontrou com a presidente Dilma Rousseff para apresentar o Internet.org. Há
expectativa de que o governo federal feche alguma parceria com o Facebook em
torno do projeto, mas isso só aconteceria depois da regulamentação do Marco
Civil da Internet. No momento, o governo trabalha internamente para formatar um
projeto com o Facebook, mas não há nada desenhado de forma definitiva.
Críticas
Durante o seminário no Rio de Janeiro, Martin respondeu a uma série de críticas
ao projeto. A principal delas é de que com o Internet.org o Facebook controlaria
o conteúdo acessado pelo público, definindo quais sites e apps podem ser vistos
de graça. O executivo afirmou que a empresa não tem a intenção de se tornar um "gate
keeper" da web e que hoje o Internet.org aceita qualquer provedor de conteúdo,
desde que as páginas atendam a determinados critérios técnicos, como serem leves
para o acesso em redes de baixa velocidade. Mesmo concorrentes diretos do
Facebook, como Twitter ou apps de mensagens instantâneas, poderiam entrar no
Internet.org, garantiu Martin, em conversa com MOBILE TIME depois da palestra.
Uma das críticas ao projeto é que o Facebook não permite, nesses critérios
técnicos, ferramentas de privacidade, como criptografia das páginas.
Sobre privacidade, o executivo afirmou que no Internet.org não há nenhuma coleta
de dados individuais dos usuários nem compartilhamento com outros sites. São
apenas computadas informações coletivas de utilização do próprio serviço em cada
mercado. E não há exploração de publicidade dentro do Internet.org.