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Internet.org
Leia na Fonte: Teletime
[22/06/15]
Facebook afirma que Internet.org está de acordo com o Marco Civil - por
Bruno do Amaral
Diante de constantes críticas da comunidade de Internet, o coordenador do Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Virgílio Almeida, enviou ao Facebook uma
série de questionamentos a respeito do Internet.org e da intenção da empresa com
o projeto no Brasil. A resposta, a que este noticiário teve acesso, veio na
última sexta-feira, 19, assinada pelo diretor de relações institucionais do
Facebook no Brasil, Bruno Magrani, alegando estar de acordo com o Marco Civil. E
ressaltou por diversas vezes o mantra: prover conectividade a quem não tem
nenhum acesso é um benefício, e, com isso, o programa promove a Internet ampla.
Magrani afirma que o modelo em parceria com operadoras "somente será bem
sucedido se o usuário que se conecta pela primeira vez decidir ter acesso amplo
à Internet, contratando serviços pagos". Ou seja: seria uma gama de serviços
oferecidos gratuitamente ao usuário que serve como incentivo ao consumo de
pacote de dados. Isso porque o documento reconhece que a parceria com as teles
precisa ser sustentável. "De fato, o Internet.org não fará sentido para as
operadoras caso as pessoas não prossigam com a futura contratação e pagamento
para explorar a Internet como um todo."
Ele declara ainda que não há no modelo qualquer cláusula de exclusividade com
operadoras e que o Facebook não paga pela parceria, embora possa trabalhar com
marketing junto com operadoras. Assim, ele refuta o rótulo de "jardins murados"
(ou "walled gardens") para o tipo de acesso oferecido, alegando que abre a
plataforma para "desenvolvedores e empreendedores", ainda que isso, na prática,
signifique que há a necessidade de reformatar serviços dentro dos parâmetros
estabelecidos pelo Facebook.
Marco Civil e a neutralidade
O documento afirma também que o Internet.org é diferente do zero-rating
justamente por não haver "dados patrocinados". Alega ainda que a rede social é
"um grande defensor da neutralidade de rede e que o aplicativo do Internet.org
não requer nenhuma espécie de bloqueio nem a criação de vias expressas de
priorização de conteúdos (fast lanes)". Bruno Magrani então tenta definir um
"princípio central por trás das regras da neutralidade" com base em malefícios e
benefícios aos consumidores.
Assim, ele declara que a Internet.org não fecha o acesso da Internet de verdade
– pelo contrário, afirma que serve de "porta de entrada". "Desse modo,
acreditamos que o Internet.org é perfeitamente compatível com a legislação
brasileira, inclusive com o art. 9º da Lei 12.965/2014", declara Magrani citando
o texto de neutralidade de rede no Marco Civil, embora não enderece a possível
regulamentação de exceção de acordos (remunerados ou não) de acesso gratuito em
aplicativos. Ele confirma recentes declarações do Ministério das Comunicações,
negando contrato entre o Facebook e o governo brasileiro (ou de qualquer país),
ressaltando que os modelos de parcerias comerciais e tecnologias específicas
para o lançamento do projeto no País "ainda estão sendo estudadas e
desenvolvidas".
Em relação à privacidade, a versão destrinchada da rede social, segundo o
diretor do Facebook, "não armazena nenhuma informação pessoal de navegação (…)
por mais de 90 dias". Essa informação temporária é utilizada para "aprimorar a
prestação do Internet.org", explica. Diz também que não há compartilhamento
desses dados com "parceiros de conteúdo".
A companhia reconhece não ter "estimativa precisa sobre a duração das
iniciativas", mas diz ter a meta de oferecer a conectividade a dois terços da
população mundial. O documento afirma que o Internet.org já levou acesso a cerca
de 9 milhões de pessoas no mundo em 14 países. Além dos questionamentos do CGI.br,
um grupo de trabalho formado por integrantes dos Ministérios das Comunicações,
Justiça e da Ciência,