WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Crimes Digitais, Marco Civil da Internet e Neutralidade da Rede --> Índice de artigos e notícias --> 2015
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Internet.org
Leia na Fonte: Teletime
[04/05/15]
Zuckerberg abre Internet.org para desenvolvedores - por Bruno do Amaral
Em um discurso em vídeo no qual apela para emoção da oferta ao acesso para a
população offline, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou nesta
segunda-feira, 4, a abertura do programa de universalização Internet.org para
desenvolvedores. A iniciativa visa acalmar as críticas ao projeto sob a ótica da
neutralidade de rede, em especial na Índia – não à toa, o vídeo de quase 7
minutos tem opção de legenda em hindu. Mas há pontos nos requerimentos para a
criação de sites e serviços que ainda deverão dar pano para a manga dos
opositores.
Zuckerberg fala várias vezes que dois terços da população mundial ainda não
possuem acesso, citando a estimativa de que, para cada bilhão de pessoas com
acesso, mais de 100 milhões sairiam da pobreza. "Dar acesso a 4 bilhões de
pessoas é a coisa certa a se fazer." Ele ainda explica que os maiores
beneficiados não conseguem sequer opinar no debate: "As pessoas que são mais
afetadas não tem voz na Internet, não podem argumentar nos comentários ou
assinar uma petição online".
Assim, ele ataca os argumentos contrários, comparando o tratamento isonômico com
o sistema de cotas para minorias em universidades: "Prevenir discriminação
apenas não é o suficiente. Tem que investir em grupos de minorias, e o mesmo se
aplica à neutralidade".
Na visão dele, a urgência da necessidade passaria por cima das discussões
políticas de como o projeto é realizado. "Acesso é igual à oportunidade, e
neutralidade de rede não deveria prevenir acesso", diz o dono da rede social.
Para acalmar os ânimos dos ativistas pró-neutralidade de rede, ele garante que a
abertura do Internet.org para desenvolvedores poderá expandir as opções dos
usuários para além dos serviços básicos gratuitos (saúde, educação, trabalho e
comunicação), com cada vez mais serviços com o passar do tempo. "Pessoas tem
escolha de que serviços e operadoras querem usar", garante.
Zuckerberg diz ainda que nenhuma companhia paga pra ser inclusa no Internet.org,
tampouco há compensações financeiras por parte das operadoras. "O Facebook nem
mostra propaganda nesse programa". O modelo é sustentável porque muitos acabam
decidindo acessar a Internet aberta, e isso faz o negócio ficar interessante
para operadora. O executivo voltou a dizer que o modelo de acesso à Internet
irrestrito "não é sustentável".
A Internet dentro da Internet.org
Conforme explica Mark Zuckerberg, o conteúdo exibido é otimizado para a
plataforma, com baixo consumo de dados e algumas exigências por parte do
projeto. O Facebook, por exemplo, não exibe fotos e vídeos. Os sites são simples
para que "operadoras possam oferecê-los de graça em uma maneira economicamente
sustentável". As páginas não pagam para serem incluídas e nem as teles cobram
dos desenvolvedores pelos dados que as pessoas usam para seus serviços.
"Hoje estamos no próximo passo, abrindo o Internet.org para que qualquer um
possa construir seus serviços gratuitos, que estarão disponíveis para todo
mundo. Isso dá mais opções e serviços gratuitos, enquanto (o modelo de negócios)
ainda fica sustentável.", afirma.
A questão é que o programa de participação tem três diretrizes, todas com pontos
que ainda deverão levantar dúvidas a respeito do caráter do projeto. Uma dos
requerimentos é "encorajar a exploração da Internet aberta onde for possível" –
um ponto importante para operadoras, já que boa parte do interesse delas para
manter o negócio viável é conseguir migrar os usuários para planos (pré ou pós)
pagos. O segundo ponto é ser eficiente para baixo consumo de dados – dessa
forma, plataformas que utilizem VoIP, vídeo, transferência de arquivo, fotos em
alta resolução ou grande volume de imagens não serão inclusas. Novamente, uma
demanda em conformidade com a agenda de operadoras, já que o serviço não pode
sobrecarregar a rede móvel.
Por fim, os websites precisam estar em condições de serem navegados tanto em
smartphones quanto em feature phones, além de precisarem consumir poucos dados.
Isso não é um problema, mas, para entrar em conformidade com o Internet.org, as
páginas não podem requerer JavaScript ou protocolos de segurança SSL/TLS/HTTPS.
A justificativa para isso é a necessidade de que o Internet.org redirecione o
tráfego (em proxy). "Embora nós preferíssemos dar suporte total a conexões
criptografadas entre usuário e website em todos os casos, fazer proxy de sites
terceiros não permite isso em sua implantação atual sem introduzir capacidades
de man-in-the-middle (agente introduzido para captura de dados)", justifica o
projeto em sua linha de diretrizes.
A interferência do Internet.org, aliás, é feita para "criar um fluxo de tráfego
padronizado para que operadoras possam identificar corretamente e não cobrar seu
serviço". O projeto não hospeda o conteúdo, apenas servindo como proxy – isso
significa, inclusive, que cookies são suportados "e não são alterados". Ou seja,
dados de navegação do usuário podem ser capturados pelos desenvolvedores, outro
ponto fundamental para a sustentabilidade do projeto.