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Fonte: O Povo Online
[18/05/15]
Operadoras querem contornar neutralidade de rede
A infraestrutura de rede necessária para suportar o crescimento do tráfego de
dados na internet continuará a ser financiada pelos usuários finais. Embora o
ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, acredite que seja necessário buscar
uma fórmula que onere também os grandes provedores de conteúdo, a regulamentação
do Marco Civil da Internet não deve conter instrumentos para que as teles possam
realizar uma cobrança diferenciada sobre essas empresas.
Depois de um início de ano voltado para a articulação política com o
Legislativo, Berzoini começou a abordar publicamente assuntos mais específicos
do setor de telecomunicações nas últimas semanas, em audiências públicas no
Congresso. Para ele, é necessário buscar modelos de negócios que viabilizem que
as empresas de telecomunicações sejam devidamente remuneradas pelos uso de suas
infraestruturas.
Ele citou que grandes produtores de conteúdo, como redes sociais e assinaturas
de streaming de vídeos pela internet, não pagam pelo tráfego de dados gerados
pelos seus serviços. "Temos de discutir como a transformação tecnológica e a
mudança de modelo de negócio das empresas de conteúdo podem ter retorno para
quem investe em rede", disse.
Existe uma discussão mundial a respeito da possibilidade de cobrança
diferenciada para companhias de conteúdo que exigem grande tráfego de dados,
como Google, Facebook e Netflix. O Marco Civil da Internet aprovado pelo Brasil
no ano passado não é claro quanto à questão, que também gera debates no País.
Isso vai depender da regulamentação em curso pelo governo federal.
Consultas públicas realizadas pelo Ministério da Justiça e pela Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) discutirão o tema, e a Casa Civil terá palavra
final sobre o decreto presidencial sobre o assunto.
Uma fonte do governo disse ao Broadcast, serviço de tempo real da Agência
Estado, que a chance de se abrir um precedente para a cobrança diferenciada é
mínima. "O texto do Marco Civil não permite esse tipo de cobrança, porque isso
fere o princípio da neutralidade da rede. Além disso, seria muito complicado
cobrar mais de quem é mais competente e consegue mais audiência", avalia a
fonte.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.