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Fonte: CanalTech
[19/05/15]
Governo pode alterar regras no Marco Civil para favorecer operadoras de internet
Origem: INFO
A polêmica da neutralidade de rede no Marco Civil da Internet brasileira não
deve terminar tão cedo. E agora o governo começa a sinalizar como deve tratar
este ponto da lei que regulamenta o uso da web no país.
Nas últimas semanas, o ministro das Comunicações Ricardo Berzoini, participou de
algumas audiências públicas no Congresso para discutir assuntos mais específicos
do setor de telecomunicações. Para ele, é necessário buscar modelos de negócios
que viabilizem que as companhias de telecomunicações sejam devidamente
remuneradas pelo uso de suas infraestruturas.
Na prática, essa declaração indica que o governo está favorável a mudanças no
texto do Marco Civil que aborda a neutralidade de rede. Este ponto evita que
operadoras de internet banda larga e telefonia móvel discriminem certos serviços
em prol de outros, obrigando que as entidades ofereçam a mesma velocidade e
qualidade para qualquer conteúdo, independentemente do tipo de navegação. Por
exemplo: se você possui um plano com velocidade de 10 Mbps, os mesmos 10 Mbps
terão que estar disponíveis desde a visualização de um vídeo em alta definição
até o simples acesso ao seu serviço de e-mail.
Consultas públicas realizadas pelo Ministério da Justiça e pela Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel) pretendem discutir o tema e a Casa Civil terá
palavra final sobre o decreto presidencial sobre o assunto.
De acordo com Berzoini, além da neutralidade de rede, "temos que discutir como a
transformação tecnológica e a mudança de modelo de negócio das empresas de
conteúdo podem ter retorno para quem investe em rede". O ministro se refere aos
grandes produtores de conteúdo, como redes sociais e assinaturas de streaming de
vídeos pela internet, que não pagam pelo tráfego de dados gerado pelos seus
serviços. Em todo o mundo existe uma discussão a respeito da possibilidade de
cobrança diferenciada para companhias de conteúdo que exigem grande tráfego de
dados, como Google, Facebook e Netflix.
O Marco Civil da Internet aprovado pelo Brasil no ano passado não cita regras
específicas quanto à questão, que ainda vai depender da regulamentação em curso
pelo Governo Federal.
Em declaração recente, a Netflix comentou que os provedores de rede não podem
discriminar fontes específicas de dados em prol de outros conteúdos, pois "uma
regulamentação completa e sólida deve assegurar a inexistência de bloqueios, a
inexistência de taxas de acesso e a inexistência de qualquer discriminação
injustificada em qualquer ponto da rede controlada pela prestadora de serviços
de telecomunicações".
Segundo a Agência Estado, a chance de se abrir um precedente para a cobrança
diferenciada é mínima. "O texto do Marco Civil não permite esse tipo de
cobrança, porque isso fere o princípio da neutralidade da rede. Além disso,
seria muito complicado cobrar mais de quem é mais competente e consegue mais
audiência", disse um informante ligado ao governo.