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Fonte: Tele.Síntese
[20/05/15]
Consulta sobre neutralidade da rede da Anatel termina com 147 contribuições
- por Rafael Bucco
Operadoras defendem liberdade no modelo de negócios, zero rating, CDN, e acordos
de interconexão com regulação ex post caso a caso.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) encerrou às 24h de ontem (19) o
recebimento de contribuições para sua consulta pública sobre a regulamentação do
Marco Civil da Internet. A consulta previa a coleta de posições de entidades
setoriais, empresas, organizações civis, governamentais e de cidadãos para
subsidiar o aconselhamento que a Anatel poderá fazer à presidência da república.
Cabe à presidente Dilma Rousseff editar decreto regulamentando a lei, aprovada
em abril do ano passado.
A agência registrou 110 contribuições enviadas por seu Sistema de Acompanhamento
de Consulta Pública (SACP) e mais 37 pela plataforma Diálogo Anatel. A consulta
pede opiniões sobre exceções à neutralidades, modelos de negócios e bloqueio de
conteúdo online.
Operadoras
As operadoras enviaram suas sugestões. A Telefônica Vivo ressaltou que a Anatel,
quando consultada, deve orientar a presidência apenas sobre as exceções à
neutralidade de rede. Entende o Marco Civil e a Lei Geral das Telecomunicações
não autorizam a agência a ir além. Com Claro, Nextel e TIM, entra na discussão
sobre preservação dos modelos de negócios pedindo poucas, ou nenhuma, regras e
requisitos para operações das provedoras de acesso.
A Claro defende o zero rating e acordos de interconexão, os quais, em seu
entender, não ferem a neutralidade pois beneficiam o usuário final. Cita ainda
os serviços de CDN (Content Delivery Network) como essencial aos provedores de
aplicações, ao acelerar a entrega de conteúdo. A teles defendem que as
provedoras de conexão têm o direito de ofertar, como serviço, o bloqueio de
conteúdos a pedido dos usuários. A TIM também, e pede que estes contratos sejam
avalizados ex posto, caso a caso.
As provedoras de acesso reclamam ainda da liberdade como as provedoras de
aplicações (OTTs) operam, sem “obrigações de qualidade, atendimento e
emergências”, segundo a Telefônica.
As operadoras sugerem que o decreto não detalhe requisitos técnicos para
garantia de qualidade e prestação de serviços e aplicações na internet no
Brasil. Em vez disso, que o texto se mantenha principiológico. E propõem como
princípios a garantia de segurança do usuário, transparência com os usuários,
garantias de qualidade mínima, interoperabilidade, portabilidade e urgência
(tráfego priorizado em casos de vida ou morte). A TIM chega a pedir a definição
de critérios (como otimização de conteúdo, situações de congestionamento,
compressão de dados, mitigação de ataques etc) que seriam exceções à
neutralidade.
A Claro também entram no debate sobre a guarda de registro, recomendando que não
superem três anos sob ordem judicial. E volta a cobrar a definição clara no
“ente competente” para exigir dados dos usuário.
A TIM sugere ainda a criação de um grupo de trabalho, no âmbito da Anatel,
incluindo também “instituições de grande utilidade pública”, Ministério Público
e Defensoria Pública, para definir os serviços de emergência que teria tráfego
de dados priorizado.
Além da Anatel, o Ministério da Justiça, que deve escrever a minuta para a
presidência, também fez uma consulta e tem outra aberta sobre o tema. O CGI.br,
entidade que também pode ser acionada por Dilma para aconselhamento, também
realizou uma consulta recentemente.