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Fonte: Teletime
[24/03/15]
Regulação das OTTs não é consenso na Anatel - por Lúcia Berbert
A regulação ou não das provedoras de serviço over-the-top (OTTs) ainda não tem
consenso na Anatel. O superintendente de Competição, Carlos Baigorri, defende a
desregulamentação de serviços que perderam o sentido em função das aplicações
oferecidas por essas empresas de conteúdo, como as regras para SMS. Já o
superintendente de Planejamento e Regulamentação, José Alexandre Bicalho, a
desregulamentação será necessária, mas em uma fase de transição é preciso impor
regras para as OTTs, como aquelas que atuam no mercado de audiovisual, caso da
Netflix.
O tema, inclusive, será incluído na consulta pública que a Anatel promoverá
sobre a regulamentação do Marco Civil da Internet. A consulta, que será em forma
de perguntas, deve ser aberta na próxima semana.
De acordo com os números de analistas apresentados por Baigorri nesta
terça-feira, 24, a previsão é de que as operadoras percam, entre 2012 e 2020,
US$ 470 bilhões com a substituição do serviço de voz por VoIP e US$ 54 bilhões
na troca do SMS por aplicações de mensagens instantâneas, como o WhatsApp. Do
mesmo modo, o superintendente ressaltou que as ações das OTTs estão subindo,
enquanto o valor das teles cai. Mas afirma que não é a regulação que irá impedir
essas perdas. "Nosso foco é apenas com a sustentabilidade das concessionárias",
disse.
"As empresas precisam encontrar caminhos para tirar valor das redes", afirma
Baigorri. Porém, ele defende que a desregulamentação dos serviços não pode
acontecer enquanto não houver um número maior de pessoas com acesso à banda
larga e o aumento da penetração de smartphones no País. "Antes disso, poderemos
trazer prejuízos para os cidadãos", disse. Baigorri espera que a regulamentação
da Anatel passe de regras "consumeristas" para normas que regulem a relação
entre as empresas.
Os dois superintendentes concordam, no entanto, com a necessidade de as teles
encontrarem soluções para competir com as OTTs, sem intervenção da agência. "Os
provedores de conteúdos não tiram renda dos consumidores com as aplicações de
mensagens ou de voz", ressalta Baigorri, enquanto Bicalho sustenta que o
crescimento pelo consumo de dados não seria o mesmo se não houvesse as
aplicações das OTTs.
"Não há uma solução simples e a Anatel vai atuar com muita cautela nessa área
para se chegar a um equilíbrio", disse Bicalho, na defesa de que a agência
imponha regras as OTTs. Mas sustenta que as teles não podem usar as mesmas
estratégias de competição com as provedoras de conteúdo "porque isso certamente
as fará com que percam a guerra", completou.
Baigorri e Bicalho participaram hoje de evento sobre concentração de mercado de
telecom, promovido pela Momento Editorial em Brasília.