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Fonte: Teletime
[31/03/15]
Perguntas da Anatel sobre neutralidade optam por não testar hipóteses - por
Samuel Possebon
A Anatel optou, deliberadamente, por deixar de fora de sua consulta sobre
neutralidade de rede algumas perguntas específicas sobre modelos de negócio que
poderão ser praticados pelas empresas provedoras de acesso e serviço. A
explicação da agência foi a de que as perguntas poderiam induzir um viés nas
respostas ou induzir determinadas discussões. Alguns pontos que foram deixados
de fora, contudo, eram oportunos dentro das realidades de serviços que já são
encontradas no mercado hoje.
Um dos temas mais polêmicos atualmente é dos serviços oferecidos, sobretudo
pelos provedores de banda larga móvel, de acesso gratuito a determinados
conteúdos, chamado no jargão setorial de "zero-rating". Uma das perguntas que
chegou a ser cogitada pela Anatel era muito específica sobre esse tema, segundo
apurou este noticiário. Mas no documento final a pergunta ficou de fora.
A Anatel buscava analisar de que forma regular ofertas desse tipo. Entre as
hipóteses questionadas estavam a de permitir a gratuidade do tráfego para
algumas aplicações ou conteúdos; permitir a gratuidade de tráfego para algumas
aplicações ou conteúdos, mas estabelecer regras a serem seguidas pelas
prestadoras e dar aos órgãos reguladores o poder para obrigar a cessação desta
prática após julgar, caso a caso, a conduta dos prestadores no âmbito da
neutralidade de redes e da defesa da concorrência; e proibir totalmente qualquer
gratuidade nestes moldes. A agência questionava qual destas opções seria a
melhor forma de conduzir a regulamentação da neutralidade de rede para conciliar
as vantagens e desvantagens para os diversos agentes envolvidos.
A agência também pensava em incluir nos questionamentos se nos modelos em que
seja possível a oferta de gratuidade do tráfego para algumas aplicações ou
conteúdos, o usuário poderia continuar utilizando as aplicações e os conteúdos
gratuitos mesmo após o término de sua franquia de dados. Esse item acabou
ficando de fora de maneira explícita.
A agência considerou ainda a possibilidade de abrir perguntas sobre modelos de
ofertas de planos de acesso com limitações de conteúdos. Por exemplo, acessos
que só permitissem o uso de e-mail ou redes sociais. Ou ofertas que dessem
prioridade a serviços de vídeo, sem discriminação. No final, contudo, a agência
optou por não ser muito específica nesses questionamentos sobre modelos
possíveis.
Já questões de relacionamento industrial entre provedores de acesso e provedores
de conteúdo, como modelos de contratação de CDNs, acordos de qualidade de
serviço (SLA) e contratos de troca de tráfego e peering acabaram sendo
mencionados nas análises e nos preâmbulos que embasam as perguntas tornadas
públicas, mas não há questionamento direto sobre esses modelos.
Samuel Possebon