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Leia na Fonte: Convergência Digital
[30/11/15]
Dados patrocinados não ferem o Marco Civil da Internet - por Roberta
Prescott
O acesso gratuito a determinados sites e aplicativos, definidos por meio de
acordos comerciais, infringe ou não o Marco Civil da Internet no que tange à
neutralidade de rede? A questão, abordada nesta segunda-feira, 30/11, no 29º
Seminário Internacional ABDTIC, foi consenso: os debatedores acreditam que a
oferta de dados patrocinados não está em desacordo à Legislação, aprovada em
abril de 2014.
Para o diretor de regulamentação do SindiTelebrasil, Alexander Castro, a tarifa
zero (ou zero rating) é um modelo de negócio que não pode ser confundido com
neutralidade de rede. Disse também que por ser um modelo de negócios, as
operadoras não são contra nem a favor. “Entendemos que zero rating pode ser
modelo de negócio interessante, dependendo da negociação com o parceiro”,
pontuou.
Ao comentar sobre o desafio para a expansão da Internet no Brasil, Castro
ressaltou que o modelo de tarifa zero não pode ser usado como inclusão digital.
“Nossa preocupação é que não pode ser usado de maneira oportunista”, disse.
Posição também compartilhada pelo advogado Alexandre Atheniense.
Para ele, a tarifa zero não fere a neutralidade, porque se trata de modelo de
negócio e o Marco Civil da Internet é taxativo quanto à liberdade de oferta.
“Todos os programas de tarifa zero recebem o mesmo tratamento de dados. A oferta
de serviço gratuito é uma oportunidade de negócio que o mercado vai enxergar e
não vejo afetar neutralidade de rede, são situações divergentes”, defendeu.
Dados 0800
Entusiasta no assunto, a Qualcomm vem trabalhando para difundir o conceito. Em
2012, a empresa começou a fazer projeto piloto com as operadoras e mais
recentemente está acompanhando diversas implantações comerciais, nas quais
empresas privadas e governo oferecem acessos patrocinados. O diretor da Qualcomm
Brasil, Oren Pinksy, diz que o modelo adotado no Brasil é inovador no sentido
que abrangem todas as maiores operadoras de telecomunicações.
Em sua palestra, o executivo falou em três modelos de negócio para acesso
patrocinado. O 0800 de dados, similar ao modelo de voz no qual quem paga a
ligação é quem recebe, tem patrocinadores pagando às operadoras pelo acesso dos
usuários a determinadas URLs. “Todos ganham: usuários, patrocinador, operadoras,
que geram receitas, e governo com imposto”, explicou.
Além do 0800, no qual o patrocinador escolhe um serviço específico e paga a
conta, existem ainda a tarifa zero (ou zero rating), quando uma operadora
escolhe um serviço que é popular e decide não cobrar pelo trafego, e o modelo de
patrocinar o uso da Internet por um determinado tempo.O caso do Bradesco que
paga o acesso de seus correntistas aos serviços móveis tem servido de referência
quando o assunto é 0800. De acordo com Pinsky, depois de um ano, o banco dobrou
o número de pessoas que usam serviço no celular e quadruplicou as transações,
chegando a 10 milhões por dia.