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Leia na Fonte: IT Forum 365
[21/09/15]
Proteste e entidades repudiam projetos que querem desfigurar Marco Civil -
por Déborah Oliveira
Associações afirmam que propostas ameaçam uma das mais importantes conquistas
democráticas do último período
Proteste e entidades repudiam projetos que querem desfigurar Marco Civil
Nesta terça-feira (22/9), a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC)
da Câmara dos Deputados votará o PL 215/2015, que prevê alterações no Marco
Civil da Internet, no Código Penal, no Código de Processo Penal e na Lei dos
Crimes Hediondos para tornar mais duras as penas para ofensas contra a honra nas
redes sociais.
A proposta afasta a exigência de ordem judicial para o acesso a dados pessoais,
bem como ao conteúdo das comunicações privadas na rede, e insere no ordenamento
jurídico brasileiro o polêmico "direito ao esquecimento", que pode levar à
remoção definitiva de conteúdos publicados na internet.
A Proteste Associação de Consumidores e outras entidades da sociedade civil
reunidas na campanha Marco Civil Já denunciam as iniciativas parlamentares em
andamento no Congresso que atentam contra a privacidade e a liberdade de
expressão.
As propostas em discussão, de autoria Hildo Rocha (PMDB/MA) com substitutivo
proposto por Juscelino Filho (PRP/MA) após o apensamento dos PLs 1547/2015, de
Expedito Netto (SD/RO), e 1583/2015, de Soraya Santos (PMDB/RJ), preveem a
obrigatoriedade de retirada de conteúdos postados na internet, nos casos de mera
alegação de crimes contra a honra - calúnia, injúria e difamação - impondo
penalidades de restrição física e econômicas ao provedor de internet,
comprometendo o princípio da inimputabilidade da rede.
Além disso, querem permitir que dados dos usuários sejam fornecidos a
autoridades públicas independentemente de ordem judicial. Entre os dados dos
usuários que podem ser obtidos sem ordem judicial, estão os conteúdos das suas
comunicações na internet - teor de e-mails, mensagens e conversas em aplicações
como Skype.
Para as entidades, os projetos em tramitação na Câmara dos Deputados "ameaçam
uma das mais importantes conquistas democráticas do último período - a edição do
Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014)". Em nota, as associações afirmaram
que "repudiam a manobra artificiosa e antidemocrática levada adiante pelo PMDB,
que estimula o vigilantismo arbitrário e a censura desarrazoada, atentando
contra o Estado de Direito e exige que os deputados aguardem o processo
democrático já estabelecido pelo Executivo quanto ao PL de Proteção de Dados
Pessoais que tratará do mesmo tema, porém, com a ampla participação e
contribuição da sociedade brasileira".
Elas alegam que o Marco Civil da Internet trouxe garantias a direitos
fundamentais para os usuários da rede, como a privacidade e a liberdade de
expressão, em consonância com orientações internacionalmente aceitas de
governança da internet.
As entidades alertam ainda que qualquer alteração na lei deva ser precedida de
uma discussão qualificada, amparada por reflexões técnicas, políticas e sociais.
E defendem que haja participação democrática equivalente ao processo do qual se
originou, com um processo de consulta pública, para que a sociedade possa fazer
representar seus interesses relativos à proteção de dados pessoais e liberdade
de expressão na internet.
Além disso, alteram dispositivos da Lei nº 12.965/2014, apresentando nova
redação aos artigos 10, 13, 15, 19 e acrescentando o artigo 21-A, para permitir
que dados dos usuários sejam fornecidos a autoridades públicas independentemente
de ordem judicial, assim como a obrigatoriedade de retirada de conteúdos
postados na internet, nos casos de mera alegação de crimes contra a honra -
calúnia, injúria e difamação - impondo penalidades de restrição física e
econômicas ao provedor de internet, comprometendo o princípio da
inimputabilidade da rede.
"O PL 215/2015 coloca em risco o necessário equilíbrio entre a proteção do
direito à privacidade e a persecução criminal, bem como a própria democracia ao
permitir tais abusos", destacam as entidades na carta de repúdio.
Além da Proteste, assinam a carta: Actantes; Advogados Ativistas; Artigo 19; ASL
Associação Softwarelivre.org; Baixa Cultura (baixacultura.org); Centro de
Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé; Cibercult UFRJ; Ciranda
Internacional da Comunicação Compartilhada; Coletivo Digital; Coletivo
Locomotiva Cultural; Coding Rights; FLISOL Brasil - Festival Latino-americano de
Instalação de Software Livre; Fora do Eixo; Fórum Nacional pela Democratização
da Comunicação (FNDC); FotoLivre.org; Fundação Blogoosfero; Instituto Bem Estar
Brasil; Instituto Beta Para Internet e Democracia (IBIDEM); Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor (IDEC); Instituto Brasileiro de Políticas Digitais -
Mutirão; Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social; Labhacker;
Laboratório de Estudos sobre Internet e Cultura (LABIC/UFES); Mídia Ninja;
Movimento Mega; Tie-Brasil; Transparência Hacker.