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Leia na Fonte: Tecnonoblog
[25/02/16]  Alguns dados sobre a internet no Brasil e no mundo, segundo o Facebook - Por Jean Prado

Prefira ler na Fonte para ver gráficos e tabelas, não reproduzidos nesta transcrição.
Caso você queira ver o relatório completo (em inglês), ele está disponível
aqui.

3,2 bilhões de pessoas têm acesso à internet. Brasil é o 78º país, de 202, com maior cobertura da rede

O Facebook liberou o relatório State of Connectivity 2015, seu segundo estudo anual que analisa o estado da conectividade global e o que mudou desde 2014, quando o levantamento começou a ser produzido. Esses dados são importantes para o Facebook principalmente por causa do Internet.org, sua iniciativa para conectar o mundo inteiro.

Antes de tudo, o estudo mostra alguns dados importantes sobre o estado da internet ao redor do mundo: 3,2 bilhões de pessoas têm acesso à rede, um crescimento de 10% em relação aos 2,9 bilhões de 2014. Segundo a companhia, isso é parcialmente devido ao barateamento do acesso à rede e ao crescimento da renda global.

Ainda assim, isso significa que 4,1 bilhões de pessoas não estão conectadas ― e até 2020 esse número se reduzirá para apenas 3 bilhões, segundo estimativas do Facebook. Em outras palavras, apenas 43% do mundo tem acesso à internet, e o Facebook dá vários sinais de querer mudar isso. Com o relatório, ele lista as quatro principais barreiras que restringem o acesso à internet:

Disponibilidade, que requer proximidade à infraestrutura necessária para acessar a rede;
Acessibilidade, que depende do custo para ter acesso à rede, o que também varia com a distribuição de renda de cada país;
Relevância, ou seja, um motivo para acessar a internet, como o consumo de conteúdo disponível em uma língua primária;
Preparação, a capacidade de acessar a internet, que depende da aptidão, compreensão da estrutura e da aceitação cultural de determinada população em relação à rede.
Com esses quatro aspectos em mente, o Facebook avalia a distribuição da internet ao redor do mundo por meio de pesquisas de campo, coleta de preços e outros dados, além de mapeamento por satélite.

Por exemplo: uma parceria do Facebook com a Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, trouxe dados precisos sobre a distribuição da população em 20 países, o que ajuda a rede social a ver as áreas em que as pessoas estão concentradas e comparar com os investimentos em infraestrutura governamentais, priorizando onde há maior concentração populacional.

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Com tudo isso em mente, vamos analisar as descobertas do relatório em um âmbito global e depois comparar com as informações disponíveis especificamente para o Brasil. Logo quando você abre o relatório, é possível ver a porcentagem da população online distribuída para cada país.

O Brasil está em 78º lugar, atrás de países como Azerbaijão, Rússia, Arábia Saudita, Malásia, Gronelândia e Israel. O país tem cerca de 58% da população online, um crescimento de quase 10% em relação ao ano anterior (dentro da média para países em desenvolvimento). Mas, ainda assim, o país possui 86 milhões de habitantes que ainda não têm acesso à internet.

Só por curiosidade, os cinco países mais conectados no mundo são: Islândia, Bermudas, Noruega, Dinamarca e Andorra. O Reino Unido ocupa a 13º posição no ranking, o Japão a 16ª e os Estados Unidos a 18ª, com mais de 90% da população conectada. As lanternas do ranking, Eritreia, Burundi, Somália, Guinéa (África) e Timor-Leste (Sudeste Asiático), não têm nem 5% da população conectada e tiveram crescimento praticamente nulo durante o último ano.

A disponibilidade da rede não é um problema tão grande assim: as redes 2G estão disponíveis para 96% da população mundial, enquanto o 3G está disponível em 78% do mundo. Ainda assim, 1,6 bilhão de pessoas não têm nenhuma cobertura de banda larga (3G ou 4G) devido à fatores econômicos, operacionais e políticos.

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Veja, por exemplo, o uso de 2G, 3G ou 4G no mundo medido pelo aplicativo do Facebook para Android na imagem acima, onde a rede registrada é apenas a de última geração. Observe que nos Estados Unidos e na Europa o 4G praticamente domina, enquanto o Brasil está recheado de pontinhos amarelos. Dá pra ver apenas algumas manchas azuis em alguns pontos de São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília.

Outro ponto sensível é o custo das redes móveis, que não é exatamente barato no Brasil, mas vem caindo. Segundo os dados analisados, inovações tecnológicas e competições de mercado fizeram com que os preços dos megabytes caíssem 12% em 2014 nos países em desenvolvimento. No Brasil, o custo médio por 500 MB é de US$ 8,46, quantia que 53% da população pode pagar, segundo o relatório.

Em contraste com o nosso país, apenas 32% das pessoas que vivem em nações emergentes podem pagar 500 MB de dados, contra 94% nos países desenvolvidos. E normalmente é essa franquia que os emergentes consomem; mais especificamente, 550 MB por mês em redes 3G ou 4G, enquanto em nações desenvolvidas esse número salta para 1,4 GB.

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Cobrança de tarifa nas Filipinas, que leva em conta vários fatores na hora de taxar o usuário
Uma das formas de fazer com que mais pessoas acessem a internet é diminuindo o custo dos dados: o Facebook cita algumas alternativas, como uma cobrança de tarifa diferente feita nas Filipinas (por mega, que também varia com o tempo de navegação). Mas ainda assim, conseguir acessar à internet é três vezes mais caro para quem não tem smartphone (2,7 bilhões de pessoas). O custo, obviamente, reflete o preço de um celular novo, além de voz e SMS, que normalmente vêm juntos.

Por fim, sabemos que para usar a internet é necessário pelo menos um conhecimento básico de língua inglesa. O relatório do Facebook aponta que, de 7 mil línguas existentes no mundo, apenas 55 têm conteúdo relevante online (mais de 100 mil artigos na Wikipedia); 67% da população falam pelo menos um desses 55 idiomas como língua primária ou secundária. Para esse número chegar a 98% da população global, 800 idiomas (!) deveriam ser abrangidos.

E fora da Wikipedia? Apesar de a internet ser um lugar bem vasto e que permite a expressão de várias culturas diferentes, relativamente poucas línguas são usadas. Apenas dez idiomas compõem 89% dos sites analisados, sendo que 56% são apenas em inglês. Segundo o Facebook, a falta de conteúdo com língua nativa afasta usuários de países em desenvolvimento.

O relatório inteiro, por si só, é interessante, e cita várias outras abordagens para conseguirmos superar os desafios que a penetração global da internet enfrenta. Por exemplo: mais de dois terços daqueles que não têm acesso à internet e moram em países desenvolvidos não sabem nem o que a palavra “internet” significa.

Caso você queira ver o relatório completo (em inglês), ele está disponível aqui.