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Leia na
Fonte: Carta Capital
[18/01/16]
Organizações lançam carta sobre neutralidade de rede contra Facebook - por
Marina Cardoso*
*Marina Cardoso é jornalista e integrante do Conselho Diretor do Intervozes.
Organizações de todo o mundo estão divulgando uma carta aberta ao dono do
Facebook, Mark Zuckerberg. O motivo: a preocupação com o futuro da World Wide
Web, que pode ser catastrófico em termos de diversidade e liberdade de
expressão.
A rede social, cada dia mais influente nos países em desenvolvimento, insiste em
lançar o Free Basics, antes denominado Internet.org. O projeto pretende, por
meio de acordo com prestadoras de serviço de internet móvel, oferecer alguns
conteúdos sem cobrança dos dados trafegados – o que fere a neutralidade de rede.
Para isso, o Facebook tem usado sua rede para divulgar informações equivocadas e
sem embasamento e colocar usuários contra os defensores de uma internet aberta e
universal.
A construção da carta partiu da iniciativa da organização indiana Access Now.
Naquele país, o Facebook criou e divulgou uma petição contra os defensores da
neutralidade de rede e inflamou seus usuários contra eles.
No entanto, organizações de todo o mundo assinaram a carta aberta ao dono do
Facebook, porque os problemas enfrentados naquele país são os mesmos que já
enfrentamos na América Latina, no continente africano e em outras partes do
planeta.
No sul global, o Facebook tem a oportunidade de travestir os interesses de seus
acionistas – que precisam de mais dados de cada vez mais pessoas – em ações que
são propagandeadas como coisas que beneficiam uma população, o que eleva a sua
capacidade de influência política, social e econômica.
No Brasil, apesar da aprovação do Marco Civil da Internet – que garante a
neutralidade de rede como princípio – a falta de uma regulação e o próprio
Governo Federal abrem espaço para o Facebook avançar com seus planos em relação
ao Free Basics.
Do lado do poder público, essa abertura revela o descaso não só com o Marco
Civil, como também com a construção de políticas públicas que garantam que todos
os cidadãos e cidadãs tenham acesso à internet. É uma terceirização de um
compromisso do Estado brasileiro.
No caso do Free Basics, vale destacar que o aplicativo ainda não tem acesso
liberado pelas operadoras. No entanto, o mesmo não pode se dizer do aplicativo
tradicional, que é liberado da cobrança de dados por ao menos duas operadoras no
País.
As organizações que defendem uma internet plural e aberta não podem aceitar que
apenas um aplicativo tenha seu acesso liberado. Isto significa dar poder extremo
a uma única empresa, limitar a capacidade das pessoas de acessar o conhecimento
e fere de morte a capacidade de inovação da web. A ação do Facebook de usar seu
poder na web para incitar usuários contra as regras de neutralidade aprovadas na
Índia é um exemplo prático.
Para alguns, a popularidade de um programa que libere redes sociais justificaria
o acordo com o governo brasileiro. Infelizmente, há os que ainda não aprenderam
que os fins não justificam os meios.
Uma internet limitada a uma plataforma, que terá o poder de controlar o que os
brasileiros acessam e não acessam, pode significar um entrave insuperável para a
recente democracia brasileira. Apenas a universalização do acesso à web responde
à necessidade de ampliação de vozes do Brasil atual.
Confira a carta na íntegra
aqui (também transcrita abaixo).
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Leia na Fonte: Intervozes
[18/01/16]
Carta aberta a Mark Zuckerberg em defesa da neutralidade de rede na Índia
Você tem dito que “conectar o mundo é um dos maiores desafios de nossa geração.”
Estamos todos de acordo. Acreditamos também que a agenda de conectividade deve
respeitar o direito de todos de igualmente acessar, receber e transmitir
informações. Por esta razão, estamos preocupados com os recentes ataques do
Facebook aos milhões de usuários de internet na Índia e ao redor do mundo que
lutaram, e que continuam a lutar, pela neutralidade de rede.
Primeiro, gostaríamos de reconhecer que o Facebook tem respondido positivamente
às preocupações do público, fazendo correções importantes para a segurança,
privacidade e transparência do Internet.org e do Free Basics. Mas estamos
preocupados em relação às ações recentes em relação ao Free Basics na Índia.
O Facebook está incentivando seus usuários a tomar medidas contra as regras da
neutralidade da rede e proteções sendo considerada pela Autoridade Reguladora da
Índia (TRAI).
O Facebook fez um chamado aos usuários na Índia, e os usuários do Facebook nos
Estados Unidos e no Reino Unido (reconhecido pelo Facebook como um erro), para
assinar uma petição que reivindica que “um pequeno grupo de críticos … demanda
que as pessoas paguem igualmente o acesso a todos os serviços de Internet, mesmo
que isso signifique que um bilhão de pessoas não têm condições de acessar
qualquer serviço “, e que” se você não agir agora, a Índia poderia perder o
acesso aos serviços do Free Basics, retardando o progresso no sentido da
igualdade digital para todos os indianos. ”
Estas alegações são hipócrita e servem apenas para criar campos de oposição que
muitos de nós têm trabalhado duro para superar.
O grupo de pessoas que apoiam a neutralidade de rede não é pequeno, e justamente
defende a igualdade digital que o Facebook diz apoiar. Ele inclui mais de um
milhão de usuários indianos, representantes políticos eleitos, agentes de
desenvolvimento, fornecedores de plataformas respeitados e líderes de
tecnologia.
É preocupante que o Facebook – que diz apoiar a neutralidade de rede – ataque
aqueles que têm procurado consagrar esse princípio fundamentalna lei. Tal
movimento é um insulto a milhões da comunidade global em rápido rápido
crescimento que se preocupam com a salvaguarda da internet aberta.
Além disso, as ações do Facebook encorajam operadoras de telecomunicações em
seus esforços mais amplos para impedir que proteções à neutralidade de rede
sejam aprovadas em todo o mundo – especialmente em países emergentes e em outros
lugares no Sul Global – criando a falsa impressão de que há um movimento popular
que se opõe à neutralidade de rede. Você já manifestaram repetidamente o apoio
para a neutralidade da rede, por isso estamos confusos a respeito de por que o
Facebook está agora retratando os defensores da neutralidade de rede como
adversários.
Enquanto isso, em sua busca para obter apoio para seu controverso programa Free
Basics, o Facebook continua a afirmar estatísticas e argumentos – mais
recentemente em um anúncio de página inteira em alguns dos maiores jornais da
Índia – que carecem de apuração adequada e que se baseiam em argumentos frágeis.
Em vez de criar igualdade digital como reivindica sua petição, o programa Free
Basics do Facebook corre o risco de exacerbar a desigualdade digital. Ele cria
um paradigma em que os serviços do Facebook e os seus parceiros são gratuitos,
enquanto todo o resto continua a ser pago. Assim, a maioria das pessoas mais
pobres do mundo terão acesso parcial à internet. Se acredita que o acesso à
internet é um direito assim como o acesso a cuidados de saúde e água potável,
então o Facebook deveria apoiar o acesso irrestrito a toda a internet e para
todos, não apenas para acessar os serviços que Facebook ou seus parceiros
considerem aceitável.
Finalmente, é necessário corrigir o registro público sobre uma questão crucial a
respeito da regulação da neutralidade de rede. Ao contrário do que se tem dito,
de afirmações do Facebook, as regras de neutralidade de rede na União Europeia
não endossam a prática do zero rating. Ao contrário, o Free Basics está bem fora
da definição de “Acesso à Internet” segundo a nova legislação da UE. Regras
semelhantes nos Estados Unidos e no Canadá permitem avaliar violações
caso-a-caso.
Como a Índia e outros países determinarão suas regras para a neutralidade da
rede, pedimos que o Facebook séria e respeitosamente se envolva com os usuários
comuns, ativistas e defensores, sem recorrer a ataques infundados e divisivos.
Assinam a carta:
Access Now – Global
ACI – Participa – Honduras
Asociación Colombiana de Usuarios de Internet (ACUI) – Colombia
Alternative Informatics Association – Turkey
Center for Cyber Security Pakistan – Pakistan
Center for Media Justice – United States
Centre for Internet & Society – India
Data Roads Foundation – United States
Fight for the Future – United States
Free Press – United States
Free Software Movement of India – India
Fundación Acceso – Central America
Future of Music Coalition – United States
International Modern Media Institute – Iceland
Internet Policy Observatory Pakistan – Pakistan
Intervozes – Brazil
IPANDETEC – Panamá
IT for Change – India
Jhatkaa – India
Just Net Coalition – Global
Kaya Labs – South Africa
La Quadrature du Net – France
Media Alliance – United States
Media Mobilizing Project – United States
OpenMedia – Global
R3D, Red en Defensa de los Derechos Digitales – Mexico
Samuelson-Glushko Canadian Internet Policy & Public Interest Clinic (CIPPIC) –
Canada
SavetheInternet.in – India
Society for Knowledge Commons – India
SonTusDatos (Artículo 12, A.C.) – Mexico
Software Freedom Law Center (SFLC.in) – India
TEDIC – Paraguay
Unwanted Witness – Uganda
Usuarios Digitales – Ecuadar
Vrijsschrift – The Netherlands
Xnet – Spain
Zimbabwe Human Rights Forum – Zimbabwe
18 Million Rising – United States