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Leia na Fonte: Teletime
[31/03/03] Concessionárias de energia indenizarão rede da Eletronet
- por
Samuel Possebon
A decisão da Eletrobrás de anunciar a sua disposição de pedir a falência da
Eletronet surpreendeu especialmente a própria Eletronet, que ainda buscava
uma solução até a data da próxima assembléia de acionistas, marcada para o
dia 14 de abril. A Eletronet estava consciente das dificuldades e muito
provavelmente chegaria a um ponto em que a falência seria inevitável, mas
havia a preocupação de continuar negociando e buscando alternativas. Com o
anúncio da Eletrobrás, a situação falimentar tornou-se irreversível (ou pelo
menos essa situação foi apressada). Agora, todos os credores devem pedir a
falência da empresa, que oficialmente não se manifestou nem publicou fato
relevante sobre o assunto. Segundo apurou este noticiário, a direção da
Eletronet ficou sabendo apenas no final de semana sobre o comunicado da
Eletrobrás/ Lightpar, sem tempo de se manifestar ao mercado.
Indenização
Os credores da empresa sabem que apenas a Justiça poderá garantir o
ressarcimento das dívidas, e essa batalha promete pegar fogo já esta semana.
A Eletronet tem contratos com as concessionárias de energia que impedem o
confisco das fibras por parte dos credores, já que elas fazem parte da
infra-estrutura de proteção contra raios das redes de energia. De qualquer
maneira, para ficar com as fibras indefinidamente, as concessionárias terão
que indenizar a Eletronet, e os maiores debates serão em relação aos valores
de indenização.
A maior parte das fibras da Eletronet está nas redes da Chesf, Furnas, Cemig
e Itaipu, que não estão dispostas a desembolsar valores altos. E como não
perdem o acesso à rede, também não têm pressa de fazê-lo.
No caso da Cemig, há ainda o problema da briga entre o governo do Estado de
Minas e a AES. Ambas são sócias na concessionária de energia mineira. A AES,
como se sabe, é tambem sócia da Eletrobrás na Eletronet, apesar de já ter
declarado esse seu investimento como perdido.
Crise
Fontes bem informadas garantem que a decisão da Eletrobrás de anunciar a
falência da Eletronet de forma como foi feito não tem nada a ver com
eventuais atritos entre Luiz Pinguelli Rosa (presidente da Eletrobrás) e
Dilma Rousseff (ministra das Minas e Energia). A revista Veja deste final de
semana publicou nota sobre desentendimentos entre os dois, o que é negado
por fontes próximas. Ambos sabiam, desde a semana passada, da decisão de
declarar a Eletronet inviável e não socorrer a empresa. A decisão, aliás,
foi conjunta e dentro da política de governo de não gastar com o que não
seja essencial para o funcionamento do setor elétrico.