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Leia na Fonte: Teletime
[09/09/03] Governo estuda forma de usar rede da Eletronet
O ministro das Comunicações, Miro Teixeira, admitiu nesta terça, 9, que o
governo estuda uma forma de utilizar a rede da Eletronet, mas negou que se
pretenda criar uma estatal para prestação de serviços de transmissão de
dados ao próprio governo. Segundo ele, o assunto não vem sendo tratado no
Minicom, mas no Ministério das Minas e Energia.
Presente ao seminário
"Telecomunicações: Competição e Política", realizado por TELETIME nesta
terça, 9, em São Paulo, Miro respondia a um questionamento da
vice-presidente de marketing e assuntos externos da Embratel, Purificación
Carpinteyro, sobre a estratégia do governo para a Eletronet: "Estou surpresa
porque soube que órgãos do próprio governo estão se organizando para prestar
serviços de telecomunicações para o governo, excluindo as operadoras."
A Eletronet é controlada pela AES (51%) e Lightpar (49%), esta última
controlada pela estatal Eletrobrás. Com cerca de R$ 500 milhões em dívidas,
a Eletronet decidiu pedir sua autofalência, em março passado, como
orientação da Lightpar. O assunto pode ter vindo à tona novamente nesta
terça devido à divulgação de que o BNDES assumiu 50% do controle da
Eletropaulo, como parte de um acordo sobre o débito de US$ 1,2 bilhão da AES
com o banco.
As informações da executiva indicam que a nova empresa estatal que poderia
gerar o serviço de dados é o Serpro. "Não se sabe se é o Serpro com a rede
da Eletronet. O governo, de qualquer forma, tem que fazer investimentos",
opina Purificación. Outra especulação é de que a rede da Eletronet serviria
para complementar a rede da Petrobrás.
O ministro lembrou também que a Mitsui, controladora da Furukawa, é credora
da Eletronet, que tem uma rede nacional com 17 mil km, portanto, concorrente
da Embratel. Disse que os Correios têm um contrato com uma empresa para
prestação de serviços de telecomunicações, com a qual gastou R$ 30 milhões
em 2002 e a previsão para este ano é de R$ 60 milhões. "O ponto de
equilíbrio da Eletronet é de R$ 22 milhões, e isto poderia ser resolvido com
um contrato com os Correios", ponderou Miro. "Mas não é o caso."
Miro
lembrou, entretanto, que é do interesse do governo ter economia em seus
contratos de uso de redes de telecomunicações.
Para a vice-presidente da Embratel, criar uma empresa para prestar serviços
ao governo não significa apenas resolver questões de infra-estrutura, mas de
serviços, de eliminar despesas do governo em telecomunicações.
Dívida
O presidente da Furukawa, Foad Shaikhzadeh, disse que a Eletronet deve à sua
empresa R$ 250 milhões, há dois anos, pelo fornecimento de cabos pára-raios
OPGW para evitar panes na rede elétrica. O executivo desconhece como o
governo pretenda usar a rede da empresa, que sempre atuou como carrier de
carrier.
Para tentar receber o pagamento da dívida, os COOs da Furukawa e Mitsui
vieram ao Brasil entre junho e julho e visitaram alguns ministérios, cujos
representantes se comprometeram a estudar o assunto. A situação é complexa,
diz o presidente da Furukawa, porque o governo entendeu que o pedido de
autofalência não foi a melhor saída. Por outro lado, ele observa que se
trata de um ativo valioso nas mãos do governo, o que leva as operadoras a
temerem a perda de receita. Entretanto, conclui que a Eletronet existe há
muito tempo e que a própria Embratel compartilha fibras com o sistema
elétrico. Outra possibilidade na divulgação do assunto seria o interesse de
alguma operadora, como a própria Embratel, em comprar os ativos da
Eletronet.
Da Redação