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Leia na Fonte: Teletime
[14/01/04]  Não há apoio do governo ao consórcio das teles

O impacto de uma eventual venda da Embratel é algo que, não é de hoje, desperta apreensão entre membros do governo. Basta lembrar que o assunto foi tema de reunião com a presença do próprio presidente Lula antes mesmo da posse, ainda no período de transição. Mas, segundo fontes bem situadas no Planalto, não há apoio de setores do governo à compra da empresa pelo consórcio formado pela Telemar, Telesp e Brasil Telecom, como descreve a reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta quarta, 14.

Segundo o jornal, os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação e Gestão Estratégica) estariam pressionando em favor do consórcio sob a alegação de que a Embratel, sobretudo por conta de suas operações de satélite, deve ficar sob controle nacional. Luiz Guilherme Schymura, inclusive, teria perdido o cargo de presidente da Anatel por ser contrário ao consórcio. Schymura, na verdade, vivia sob a ameaça de demissão desde o governo Fernando Henrique, e caiu por uma série de fatores, entre os quais a Embratel parece ser o menor.

"Isso é bobagem", diz a fonte do Planalto. "Que vantagem que o governo teria ao criar um quase cartel da longa distância, inviabilizando a única empresa capaz de competir futuramente com as operadoras de telefonia local?".

Outra fonte do governo diz que não cabe fazer antecipações na questão da Embratel. É um negócio entre particulares fora do País, diz a fonte. Há, segundo esse informante, dois palcos a serem observados: um é Washington e outro é Nova York.

Em Washington deverá ocorrer o levantamento da concordata da MCI e a empresa poderá até desistir da venda da Embratel (hipótese descartada por fontes próximas à operadora).

Em Nova York, a peteca está com o banco Lazar Frère. "A partir do momento em que o Lazar apresentar os planos de negócios dos proponentes, a União, através da Anatel, e não o governo, poderá se pronunciar. Ninguém tem que opinar até chegar o documento."

Mas é inegável que o governo preocupa-se com as informações estratégicas que trafegam pela rede da Embratel, como a banda X, utilizada pelo Exército e que está nos satélites da empresa, e com a rede pública de rádio e televisão. Por outro lado, o governo tem dívidas com a Embratel, sobretudo o Exército, que nunca pagou pelo uso dos satélites.

As alternativas em análise diante de tantas "preocupações estratégicas" são várias e já passaram por várias hipóteses, inclusive uma grande rede governamental com a infra-estrutura de cabos ópticos da Eletronet e da Petrobrás.

Estrangeiros anyway

Outro ponto em discussão dentro do governo seria o fato de a compra da Embratel pelo consórcio de operadoras representar uma "volta" da empresa ao controle nacional. Analistas de mercado já têm informado investidores, entretanto, que logo essa visão deve se desfazer. A Telefônica tem controle espanhol; a Brasil Telecom tem forte presença do Citibank em seu capital. Restaria apenas a Telemar com capital genuinamente brasileiro.
Sérgio Sister e Rubens Glasberg