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Leia na Fonte: Teletime
[01/10/04]
Eunício desmente reativação da Telebrás como operadora
O ministro das Comunicações, através de sua assessoria de imprensa,
desmentiu hoje notícia veiculada pelo jornal "O Globo" nesta sexta, 1,
afirmando que o governo pretenderia reativar a Telebrás para operar
possíveis satélites geoestacionários estatais brasileiros e, eventualmente,
até a rede da Eletronet.
Segundo o ministro, o destino da Telebrás (a
extinção) já está traçado na Lei Geral de Telecomunicações, especificamente
no artigo 189 da lei, e qualquer mudança, terá que ser feita através de
projeto de lei a ser enviado ao Congresso. Eunício de Oliveira ressaltou que
esta decisão caberá exclusivamente ao presidente da República.
Já o
secretário executivo do ministério das comunicações, Paulo Lustosa,
confirmou a existência de estudos para o lançamento de satélites brasileiros
num futuro próximo, o que já havia sido cogitado pelo governo em outras
ocasiões, como forma de garantir a segurança e reduzir os gastos com
telecomunicações do próprio governo. O presidente da Agência Espacial Brasileira
- AEB, o engenheiro civil Sérgio Gaudenzi, afirmou que a proposta de lançamento
de um satélite geoestacionário brasileiro está sendo discutida no âmbito da
próxima conferência nacional a ser realizada no final de novembro em que será
feita a revisão do Plano Nacional de Atividades Espaciais - PNAE.
Decisão estratégica
Na opinião do presidente da AEB, a decisão do Brasil voltar a ter satélites
estatais geoestacionários para prestar serviços de telecomunicações será do
próprio presidente da República, caso o PNAE inclua esta possibilidade entre
seus objetivos. Ele acredita que, mesmo considerando o excesso de capacidade
satelital disponível no país, haveria necessidade de uma satélite estatal
por questões de segurança: "quem detém as possibilidades de comunicação,
está à frente dos outros que não a possuem. A posse de instrumentos de
comunicação é vital não apenas sob o ponto de vista da segurança, mas também
do ponto de vista civil", justificou.
Além disso, a proposta em discussão na AEB incluiria além da construção do satélite pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais, que já constrói satélites de menor porte, a
viabilização de um veículo lançador de satélites operando a partir da base
de Alcântara no Maranhão, atividade que seria desenvolvida pelo Centro
Tecnológico da Aeronáutica - CTA. Com isso, o ganho em desenvolvimento
tecnológico para o país seria muito grande, caso a decisão seja tomada,
sugere Gaudenzi.
Congresso Nacional
Sérgio Gaudenzi considera ainda que, pela importância da decisão, e pela
enormidade dos custos que ela envolve, o Congresso Nacional também será
chamado a opinar sobre a proposta. Uma vez tomada a decisão, seriam
necessários quatro anos, no mínimo para implementá-la, se a decisão for
fazer tudo no Brasil.
Desde o começo do governo Lula, especialmente por ocasião da crise da
Eletronet e no recente processo de venda da Embratel, surgem rumores sobre a
possibilidade do governo federal voltar a operar serviços de
telecomunicações. Nada leva a crer, porém, que estas decisões sejam tomadas
de afogadilho e sem ampla consulta à sociedade, especialmente ao próprio
Congresso Nacional que deve aprovar o orçamento da União.
Apesar de toda a
defesa de um satélite exclusivamente nacional, o presidente da AEB não se
sentiu à vontade para criticar a privatização da Embratel: "eu não estava
aqui e nem lá para saber quais foram os argumentos que levaram o governo a
privatizar a empresa e seus satélites", afirmou Gaudenzi.
Carlos Eduardo Zanatta