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Leia na Fonte: Folha
[25/04/06]  Após denúncias, Lightpar decide cortar funcionários - por Pedro Soares

Apontada como "cabide de empregos" por ex-presidente, subsidiária da Eletrobrás tem estrutura reduzida para 4 contratados

A estatal Eletrobrás promove uma ampla reestruturação na sua subsidiária Lightpar e reduz o número de funcionários de 13 para quatro. O enxugamento foi motivado por denúncias de seu ex-presidente Joaquim de Carvalho de que a companhia funcionava como um cabide de empregos, publicadas pela Folha em março deste ano.

O novo modelo de gestão prevê a redução do número de integrantes do Conselho de Administração de seis para três. Na diretoria, o número de vagas cairá das atuais quatro para duas. Todos os assessores da diretoria serão dispensados.

A avaliação da direção da Eletrobrás é a de que não havia mais necessidade dessa estrutura para gerir uma empresa que não possui operações nem ativos. A única atribuição da Lightpar é administrar uma dívida de R$ 700 milhões deixada pela Eletronet, empresa da qual a Eletrobrás (por meio da Lightpar) tem 51% de participação acionária.

O objetivo inicial da direção da estatal era liquidar a Lightpar, mas não pode tomar tal decisão porque teria de assumir o passivo da empresa sozinha. Diante disso, a melhor opção foi manter a companhia ativa, mas reduzir seus custos fixos com a diminuição do número de quadros.

Com a reestruturação, a gestão da dívida da companhia será conduzida pelos diretores Marcelo Figueiredo e Luiz Manuel Claro Soares - este especializado em contabilidade.
Além da diretoria, Figueiredo acumulará a função de conselheiro. Ao seu lado no Conselho de Administração, estão Sinval Zaidan, representante do Ministério de Minas e Energia, e Ariel Peres, secretário de Planejamento e Investimento Estratégico do Ministério do Planejamento.

Criada em 1998 para abrigar a participação da Eletrobrás na Eletronet, a Lightpar só colecionou prejuízos. O que parecia ser um negócio promissor na época - explorar a rede de transmissão de energia elétrica em alta tensão das subsidiárias da Eletrobrás de 56.000 km para a transmissão de dados - converteu-se num péssimo investimento após o estouro da bolha da internet.

A situação se agravou ainda mais porque a sócia da Eletrobrás na Eletronet, a norte-americana AES (dona dos outros 49% da Eletronet), entrou em crise e acabou por abandonar o negócio, deixando todo o ônus para a estatal.

Com o objetivo de interromper as perdas, Luiz Pinguelli Rosa, então presidente de Eletrobrás, deixou a Eletronet ir à falência em 2003, mas manteve uma pesada estrutura de gestão.

Em entrevista à Folha em março, Joaquim de Carvalho, que deixou a presidência da Lightpar em dezembro passado, disse que a empresa funcionava como um "cabide de empregos".

Depois da publicação da reportagem, o número de funcionários caiu de 28 para 13. Até que agora a direção da Eletrobrás optou por fazer um novo corte e deixar a companhia com apenas quatro funcionários. Os diretores da Lightpar têm salários de R$ 14.350. Os assessores da diretoria recebiam R$ 10.600 - todos foram demitidos no novo corte de pessoal.

Além dos salários, parte dos executivos da Lightpar receberia auxílio-moradia de R$ 1.800, de acordo com a reportagem da Folha em março.

O objetivo da Eletrobrás com a reestruturação tornar a Lightpar e a Eletronet lucrativas, invertendo o histórico recente das duas companhias.

Fontes da Eletrobrás revelaram que os diretores recebiam 14 salários por ano e que três deles atribuíram a si próprios R$ 28.700 (dois salários cada um) em 2005 para custear despesas com suas mudanças, embora já morassem no Rio de Janeiro.

Com despesas maiores que suas receitas, a Lightpar acumulou prejuízo de R$ 742 mil entre janeiro e julho de 2005. A Lightpar tem como principal fonte de dinheiro pequenas participações acionárias em empresas do setor elétrico.
Desde que a Eletronet faliu, a Lightpar, que era a sua controladora, deixou de ter razão para existir.