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Leia na Fonte: Teletime
[24/06/08] Justiça
aceita pagamento em títulos por ativos da Eletronet
O governo, por meio de processo aberto pelas companhias de energia estatais
Eletronorte, Chesf, Eletrosul e Furnas, obteve uma vitória parcial na briga
pelos ativos da Eletronet, nesta terça-feira, 24. A 4ª Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro manteve o efeito suspensivo que
permite o pagamento da indenização em títulos públicos, modificando a
decisão de 1ª instância, que determinava o pagamento em espécie. "Os
credores querem o dinheiro. Mas há um recurso no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) que tenta invalidar a decretação de falência da Eletronet. Se
a falência for revogada, não haveria devolução de ativos. Por isso, achei
melhor que a indenização fosse feita em títulos", justificou a este
noticiário o desembargador Paulo Maurício Pereira, redator do acórdão. Por
outro lado, contrariando o que pediam as companhias de energia, ficou
mantida a decisão de 1ª instância de que a rede de fibra óptica instalados
pela Eletronet não fará parte do pacote de ativos a serem devolvidos a elas.
A rede continuará de posse da massa falida. Também ficou definido que as
companhias de energia elétrica poderão contratar a própria Eletronet para
terceirizar a exploração de serviços com os ativos de telecom devolvidos, em
vez de serem obrigadas a contratar funcionários da Eletronet, como
determinava a decisão de 1ª instância. As elétricas alegaram que, por serem
empresas públicas, não poderiam contratar diretamente os funcionários da
Eletronet sem que fosse realizado um concurso público.
Todas essas determinações fazem parte do efeito suspensivo concedido pela
Justiça. O mérito do agravo em questão ainda será julgado pela 4ª Câmara
Cível. O advogado André Chame, que representa a Lucent, uma das credoras da
Eletronet, adiantou a este noticiário que irá recorrer ao STJ contra o
pagamento em títulos caso a 4ª Câmara mantenha essa decisão quando julgar o
mérito.
Complexidade
O julgamento desta terça-feira foi marcado pela complexidade: os próprios
desembargadores e advogados presentes na sessão tiveram dificuldade em
entender qual era o resultado final. Foram proferidos três votos diferentes,
um por sessão, ao longo de um mês. O primeiro, do desembargador relator,
Sidney Hartung, foi proferido em sessão no começo de junho e dava provimento
total ao recurso das companhias de energia elétrica. O segundo, do
desembargador Paulo Maurício Pereira, proferido na semana passada, dava
provimento parcial: aceitava o pagamento em títulos e a contratação da
Eletronet, mas pedia pela manutenção da rede junto à massa falida. O
terceiro e último, do desembargador Horácio Ribeiro Neto, proferido na
sessão desta terça-feira, 24, dava provimento apenas ao pedido de
contratação direta da Eletronet para a prestação dos serviços de telecom. No
fim, acabou valendo o chamado "voto médio", do desembargador Paulo Maurício
Pereira, que foi uma espécie de meio termo entre os outros dois votos.
O agravo regimental movido pela Lucent que apontava supostas falhas formais
no agravo de instrumento movido pelas elétricas foi indeferido por dois
votos a um.
Histórico
O backbone da Eletronet é composto por mais de 16 mil Km de fibras ópticas
que correm pela rede de distribuição de energia elétrica. A empresa é de
capital misto: quando fundada, 51% pertencia à AES Bandeirante e 49% à
Lightpar, subsidiária da Eletrobrás. Em 2003 a Eletronet declarou falência e
agora há essa disputa judicial em torno de seus ativos. De um lado, estão as
distribuidoras de energia citadas acima, que reclamam a posse dos ativos. De
outro, estão credores, como Furukawa e Lucent (hoje, Alcatel-Lucent), que
querem receber o que a Eletronet lhes deve.
Fernando Paiva